Contratação de crédito rural recua mais de 20% em 2024

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A contratação de crédito rural no segundo semestre de 2024 recuou 22,2% em comparação com o mesmo período do ano anterior. Segundo informações da matriz de dados do crédito rural do Banco Central, o volume total contratado no período caiu de R$ 261 bilhões em 2023 para R$ 203 bilhões.

Além disso, o número total de contratos passou de 1,2 milhão para 1,1 milhão — uma diminuição de 13,5%. O valor médio por contrato também registrou queda, saindo de R$ 200 mil para R$ 180 mil, o que representa uma redução de 9,9%.

Nas análises regionais, o Centro-Oeste tem o maior volume de crédito rural, no entanto, foi uma das regiões com maior recuo. Em 2023, foram contratados R$ 68 bilhões em recursos, enquanto que em 2024 o total caiu para R$ 45,1 bilhões, uma redução de 33,7%. O número de contratos também diminuiu de 90.317 para 72.042, o que representa uma queda de 20,2%. O valor médio por contrato, por sua vez, recuou 16,8% — passando de R$ 753 mil para R$ 627 mil.

O Sudeste, por sua vez, verificou uma redução menos acentuada. O valor total contratado caiu de R$ 64,6 bilhões no segundo semestre de 2023, para R$ 55,3 bilhões no mesmo período de 2024, registrando uma queda de 14,3%. Enquanto isso, o número de contratos passou de quase 223 mil para 191 mil, com uma diminuição de 14,29%. O valor médio por contrato permaneceu praticamente estável em R$ 289 mil.

No Sul, a queda foi mais acentuada no valor médio dos contratos, que caiu 11,3% — de R$ 197 mil para R$ 174 mil. Nos últimos seis meses do ano passado, o valor total contratado na região foi de R$ 67,8 bilhões, ante R$ 82,9 bilhões em 2023, queda de 18,2%. A quantidade de contratos também recuou de 419 mil para 389 mil, com uma diminuição de 7,2% na comparação dos períodos. 

O Nordeste, embora continue a registrar o maior número de contratos no país, também sofreu quedas no valor total contratado. Em 2023, o valor foi de R$ 26,4 bilhões, e em 2024 recuou para R$ 20,9 bilhões. Isso representa uma queda de 20,7%. A quantidade de contratos caiu 16,2%, saindo de 511 mil para 428 mil, e o valor médio por contrato diminuiu 5,4% (de R$ 51,7 mil para R$ 48,9 mil ).

Já a região Norte, contratou R$ 14 bilhões de crédito rural em 2024, ante R$ 18,9 bilhões no ano anterior, o que representa uma redução de 25,5%. A quantidade de contratos caiu 22,5%, saindo de 55,4 mil para 42,9 mil, e o valor médio por contrato diminuiu 4,3% — de R$ 341 mil para R$ 326 mil.

Enquanto o crédito rural enfrenta queda, financiamentos privados ao agro crescem

Enquanto o crédito rural oficial registrou uma queda no segundo semestre de 2024, com diminuição no volume total de contratações e no número de contratos, os financiamentos privados ao agronegócio apresentaram um crescimento. Conforme o Broadcast Agro, os títulos voltados ao financiamento do agronegócio com recursos privados somaram R$ 1,2 trilhão em estoques até o fim de novembro. O avanço foi de 31,5% em um ano (de novembro de 2023 a novembro de 2024), segundo o Boletim de Finanças Privadas do Agro, do Ministério da Agricultura. 

Em 2023, os estoques de Cédulas de Produto Rural (CPR), Letras de Crédito do Agronegócio (LCA), Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCA), Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) e Fundos de Investimento nas Cadeias Produtivas do Agronegócio (Fiagro) haviam somado R$ 915,2 bilhões. Em outubro de 2024, o estoque era de R$ 1,1 trilhão.

O maior crescimento foi reportado no estoque de CPRs, de R$ 293,4 bilhões para R$ 465,2 bilhões – alta de 59% em novembro do ano passado ante igual mês do ano anterior. Já o ticket médio dos títulos caiu 7% na comparação anual, de R$ 1,5 milhão para R$ 1,39 milhão. Na comparação entre as safras, o crescimento do estoque de CPRs foi ainda mais expressivo, de 77% de julho a novembro da temporada 2024/25 ante o mesmo período da temporada 2023/24, passando de R$ 106,8 bilhões para R$ 188,5 bilhões registrados, demonstrando um maior acesso do produtor rural por títulos privados em detrimento ao crédito oficial.

Outro destaque do mês foi o avanço de 23% no estoque dos Certificados de Direitos Creditórios do Agronegócio (CDCAs), a R$ 37,9 bilhões ao fim de novembro. Os CRAs, por sua vez, subiram 20%, para um estoque de R$ 148 bilhões também em novembro.

As Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) apresentaram alta de 14% nos estoques na comparação anual, a R$ 510,3 bilhões, mostrando um desempenho mais contido desde o início do ano. A LCA é hoje a principal fonte de recursos livres direcionados à concessão de crédito rural. Do total, pelo menos R$ 255,19 bilhões foram reaplicados no financiamento rural — 14% mais que um ano antes.

O patrimônio líquido dos Fiagros era de R$ 41,3 bilhões ao fim de outubro, com avanço anual de 127%, em 119 fundos administrados, distribuído em: 

  • 43,5% em fundos imobiliários
  • 41,2% em fundos de participações
  • 15,3% em direitos creditórios

O levantamento de títulos do agronegócio é feito pela Coordenação-Geral de Instrumentos de Mercado e Financiamento, do Departamento de Política de Financiamento ao Setor Agropecuário, da Secretaria de Política Agrícola do Ministério da Agricultura. O balanço considera dados da B3, CERC e CRDC, Anbima, Comissão de Valores Mobiliários e Banco Central do Brasil.

*com informações do Broadcast Agro

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