Escritora enfrenta neoplasia maligna e adota cirurgia inovadora para preservar órgãos ginecológicos

A estratégia busca afastar órgãos do campo de radiação, evitando que percam suas funções ou sejam danificados durante o tratamento oncológico.

Aos 37 anos, a escritora Daniela Corrêa se viu diante de uma das experiências mais desafiadoras da vida: o diagnóstico de um tumor raro na pelve. “Receber um diagnóstico de uma neoplasia maligna é sempre muito desafiador, pois independente da idade na qual nós encontramos, nós nunca vamos estar preparados para tal adversidade“, disse. A notícia, além do choque, trouxe a urgência de decisões. Diante disso, Daniela encontrou forças onde parecia não haver: “Emocionalmente, com certeza, é preciso ter um equilíbrio, tentar buscar este equilíbrio, mesmo diante desse impacto forte que temos no primeiro momento, pois é necessário seguir.”

Ao tomar conhecimento do tratamento, surgiu a possibilidade de uma técnica pouco conhecida no Brasil: a transposição uterina e ovariana, que preserva os órgãos ginecológicos antes do início da radioterapia. O procedimento consiste em deslocar o útero e os ovários da região pélvica para a parte superior do abdômen, por meio de cirurgia. A estratégia busca afastar esses órgãos do campo de radiação, evitando que percam suas funções ou sejam danificados durante o tratamento oncológico.

Logo após o diagnóstico e já com o protocolo de tratamento definido a ser seguido, antes de qualquer início de radioterapia, então eu cheguei ao conhecimento da técnica de transposição uterina e ovariana.” O método foi desenvolvido no Hospital Erasto Gaertner, em Curitiba, mas Daniela conheceu a técnica por meio de um médico de sua cidade, Tubarão (SC). “Mesmo tendo em vista a pouca incidência de casos, eu me dispus a fazer essa técnica visando preservar os órgãos que estavam saudáveis em detrimento do órgão que estava com problema.”

Como lidar com a dor física e emocional ao submeter órgãos a um tratamento tão agressivo?

A resposta veio com resiliência e fé. Foram seis cirurgias de alta complexidade, além da radioterapia, quimioterapia e bracterapia. “O processo de recuperação após a cirurgia e o tratamento como um todo […] ele sempre é bastante doloroso, porque é uma carga de medicação bastante forte, bastante invasiva e você precisa seguir.” Mesmo assim, não perdeu o senso de propósito. “Essa visão desse propósito que Deus colocou na minha vida foi transformada diante disso, mesmo em meio à dor, eu sabia, eu tinha comigo essa força que me movia diariamente a seguir nessa caminhada.”

Daniela também chamou atenção para a importância da escuta atenta aos sinais do próprio corpo. “Inicialmente, meu diagnóstico não foi detectado em um primeiro momento. Então, eu por mim mesma voltei novamente em outro médico para tentar fazer essa detecção precoce.” Ela reforça que nenhuma dor deve ser ignorada.

Entre os obstáculos, o físico e o emocional caminharam juntos. “Não é da natureza do ser humano você andar com órgãos em outra parte do corpo. […] Então, em meio à dor, você precisa seguir dia após dia.” E complementa: “É difícil emocionalmente você tentar lidar e controlar quando seus estímulos físicos também estão abalados.”

Ao final de sua trajetória de cura, nasceu o desejo de compartilhar. Daniela escreveu o livro Ressignificando a Dor, a substituição do trágico pelo mágico. A obra busca renovar a esperança de mulheres que enfrentam diagnósticos difíceis. “A mensagem que eu deixo para as mulheres que enfrentam diagnósticos semelhantes, não somente tumores na região pélvica, mas tumores de mama, de modo em geral, é que sigam confiantes, com fé em Deus e com muita força de vontade para superar esses desafios. A neoplasia maligna não é um atestado de óbito, e sim, você encontra forças em si mesma para vencer esta luta e esta batalha.”

 

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