Os automóveis movidos exclusivamente a bateria vêm conquistando muitos consumidores nos últimos anos e são cada vez mais vistos nas ruas brasileiras. Esse tipo de veículo apresenta várias vantagens para seus donos, como o menor impacto ambiental e a economia no consumo. No entanto, com o passar do tempo, esses proprietários podem enfrentar algumas dores de cabeça com o seu carro elétrico usado.
Em breve, as crescentes vendas desses veículos darão origem a um grande mercado de usados e junto com ele surge também a dificuldade de passar os automóveis movidos a bateria para frente. Graças a uma série de fatores, como suas particularidades e problemas próprios, o carro elétrico usado pode ser muito difícil de vender.
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Por que o carro elétrico usado é mais difícil de vender?
É difícil estimar quanto tempo um proprietário demora para vender seu veículo elétrico, pois isso depende muito de onde e como ele vai ser vendido e de como é o carro, qual modelo, versão, quilometragem, estado da bateria, e etc. Mas, fato é que demora muito mais para vender um carro elétrico usado, do que um automóvel a combustão com o mesmo tempo de uso.
O Doutor Mauro Pinto De Morais, presidente do Sindicato de Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas Gerais (Sincodiv-MG), reforça essa perspectiva e aponta alguns fatores para essa diferença:
- Desconhecimento da tecnologia: funcionamento do carro elétrico ainda é novidade para muita gente no Brasil, o que gera insegurança e receio por parte dos consumidores, além de que poucos profissionais sabem lidar com as particularidade, especialmente quando se trata de manutenção;
- Falta de confiança nas marcas e modelos: Muitas das montadoras e modelos também são novidades para o consumidor que desconfia da qualidade dos produtos e dos serviços, especialmente a longo prazo.
- Preocupações com a rede de carregamento e autonomia: a falta de infraestrutura de carregamento é um ponto negativo, até mesmo para os modelos zero km. A situação é ainda pior para o carro elétrico usado, pois ao longo dos anos sua bateria se degrada e tem alcance reduzido gradualmente.
- Receio com a garantia: a grande maioria das garantias cobre apenas a bateria do veículo e em alguns casos, por curto período de tempo;
- Danos ao sistema elétrico: esse tipo de problema pode significar uma grande dor de cabeça e prejuízo, pois a mão de obra especializada é escassa e muitas vezes as peças tem que ser importadas a um alto custo;
- Perda da capacidade de armazenamento da bateria: ela é o componente mais importante do carro elétrico e com os anos de uso pode se degradar. O preço para substituí-la chega próximo ao valor de um veículo novo.
Esses problemas refletem, inclusive, no preço dos seguros dos veículos movidos a energia elétrica, que costumam ser muito mais elevados em comparação aos carros a combustão.
Como precificar um veículo elétrico usado
A Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) explica que a precificação desse tipo de carro vai depender bastante do estado geral da carroceria, dos componentes de suspensão e, finalmente, do percentual de degradação da bateria. Um veículo na faixa de 100 mil km rodados degrada a sua bateria em torno de 4%.
O órgão ainda destaca que mesmo um veículo com bateria degradada em 80% ainda circula normalmente com uma autonomia razoável. Por exemplo, se o carro tinha uma autonomia de 400 km quando novo, com a bateria bastante degradada, ainda terá um alcance de 300 km.
Outro fator importante é como esse veículo se apresenta em relação ao seu suporte, manutenção e confiabilidade no pós-venda. Isso porque muitos veículos estão sendo descontinuados no mundo inteiro, o que torna sua manutenção para o futuro complicada, então, neste caso, há maior desvalorização.
Os carros movidos a bateria se tratam de veículos cuja manutenção vai muito além dos componentes elétricos. Outras partes como as suspensões pneumáticas e a eletrônica bastante sofisticada certamente vão gerar um custo elevado de manutenção.