O mercado automotivo pode ser cruel. Você pode até ter um produto bom, mas se não tiver preço competitivo e uma rede de concessionárias estabelecida, está arriscado a ser um dos carros que fracassaram no Brasil.
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E às vezes nem uma rede de distribuidores e uma marca estabelecida são suficientes. Prova disso é que carros de fabricantes conhecidas fracassaram no nosso mercado, juntamente com algumas empresas que se aventuraram ou de corpo e alma no país, ou em segmentos mais arriscados.
Veja 10 carros que fracassaram.
1. Renault Fluence

Um dos muitos sedãs da Renault injustiçados pela frieza das planilhas de vendas. Apesar das qualidades, o Renault Fluence é um dos carros que fracassaram. Sucessor do Mégane, o projeto sul-coreano foi mais um a penar para encarar um segmento dominado por Toyota Corolla e Honda Civic.
Produzido na Argentina, o Fluence foi lançado no fim de 2010 com motor 2.0 16V de 143/140 cv e preços competitivos. Mas só empolgou no início. Em 2012 emplacou mais de 12 mil unidades e em 2013, cerca de 14 mil. Depois, foi ladeira abaixo.
Em 2014 teve 8.500 licenciamentos e tomou fumo até de Citroën C4 Lounge e Ford Focus Fastback. Dois anos depois, oito em cada 10 Fluence vendidos no país eram para vendas diretas. A produção foi encerrada em dezembro de 2018 e as últimas unidades em estoque foram negociadas por preços próximos ao do Logan, à época.
2. Chevrolet Sonic

A General Motors apostava no Sonic para ser um player forte naquele sub segmento de compactos premium. Aproveitou o Salão de Detroit de 2012 e fez um test drive grande com a imprensa especializada, e depois causou ao lançar o hatch e o sedã, em maio daquele ano, na badalada cidade de Búzios, na Região dos Lagos do Estado do Rio.
Importado da Coreia do Sul, o Sonic compensava o design fora dos padrões com um powertrain interessante e competente. O motor 1.6 16V de 120 cv casava bem, seja com o câmbio automático de seis marchas ou com a caixa manual, de cinco.
Só que ele tinha o mesmo tamanho de um Onix, que era bem mais barato. Mesmo vindo do México a partir de 2013, não conseguiu embalar nas concessionárias Chevrolet. Hatch e sedãtiveram menos de 5 mil unidades emplacadas em 2014, ano em que a GM decidiu suspender a importação e encerrar as vendas do Sonic.
3. Geely GC2

Tinha gente que achava ele fofo. Menos os concessionários. O GC2 foi trazido pelo Grupo Gandini (representante e importador da Kia Motors) em 2014. Contudo, os chineses ainda eram vistos com maus olhos no mercado brasileiro e foi um dos carros que fracassaram no país.
Tinha ainda o problema do Super IPI, que deixava o subcompacto pouco competitivo em preço. O resultado você já imagina. O Geely GC2 ficou pouco mais de um ano à venda e não totalizou nem 200 veículos comercializados.
4. Mercedes-Benz Classe X

O modelo sequer foi vendido aqui, mas é sempre um caso emblemático de carros que fracassaram mundialmente. A apresentação global da Classe X, em 2017, causou furor. Afinal, era uma picape média da marca alemã, referência de luxo, dinâmica e desempenho.
A Classe X tinha origem em uma parceria entre a aliança Renault-Nissan-Mitsubishi e a Daimler, dona da Mercedes. A base serviria ainda às novas gerações de Frontier, L200 e à inédita Alaskan – essa da marca francesa. Até produção em Córdoba (Argentina) foi prometida.
Esqueceram de combinar com as vendas. Em seu primeiro ano cheio de vendas, 2018, a picape vendeu 17 mil unidades globalmente. No ano seguinte, nem metade disso: apenas 8 mil pessoas se dispuseram a comprar a Classe X em todo o planeta. A aventura da Mercedes no segmento foi encerrada em fevereiro de 2020.
5. Nissan Altima

A categoria de sedãs médio-grandes nunca teve aquele volume todo. Mas dava para as montadoras fazerem uma graça e terem margens de lucro maiores. Nesse embalo, a Nissan começou a importar o Altima do México em novembro de 2013.
Espaçoso, confortável e com um agradável motor 2.5 de 182 cv, o Altima esbarrava no preço. Era mais caro que seus rivais diretos: Ford Fusion, Honda Accord e Hyundai Azera. Só emparelhar na tabela de preços com o Toyota Camry.
Para piorar, o segmento já sentia o baque dos SUVs. O Altima saiu de cena em 2015 tendo vendido pouco mais de 1.100 unidades em três anos.
6. Ford Focus Fastback

Mais uma prova de que a vida para quem quer disputar o segmento de sedãs médios é ingrata. Em 2013 a Ford lançou a terceira geração do Focus Sedan com o sobrenome Fastback. E disposta a fazer frente à dupla que sobrava na categoria, Honda Civic e Toyota Corolla.
O problema é que o design do Focus Fastback, que poderia ser um diferencial, não condizia com seu sobrenome. Era tão previsível e sem graça como os adversários das marcas japonesas. Foram 42 mil unidades em seis anos de mercado e participação de 5% no segmento.
7. Volkswagen Golf VII

A última encarnação brasileira do cultuado hatch médio não foi fácil. O modelo de sétima geração foi lançado por aqui no fim de 2013, pondo fim a um hiato: o Golf IV teve sobrevida e a Volks do Brasil pulou a quinta e a sexta fases do carro.
Importado primeiro da Alemanha, depois do México e feito no Brasil a partir de 2015, a expectativa era de que o Golf VII iria arrebentar nas vendas e compensar o tempo perdido. Contudo, foi mais um dos carros que fracassaram.
Seu melhor ano foi 2014, com 16 mil emplacamentos. Depois, desidratou junto com o segmento, muito impactado pela crise econômica que o país atravessava, como também pela avalanche de SUVs que foram lançados a partir de 2015. Em 2017 e 2018 vendeu menos de 4 mil, cada. E pouco mais de mil, em 2019. A produção foi finalizada no ano seguinte.
8. BYD Shark

Outra que causou alvoroço, mas que está entre os carros que fracassaram. Pronta para ser a primeira representante da categoria de picapes médias com motor híbrido plug-in, a Shark não conseguiu repetir o sucesso comercial de seus companheiros de BYD, como Dolphin, Dolphin Mini, King e Song Pro.
As vendas começaram em outubro de 2024, quando teve quase 50 unidades entregues. Em dezembro foram apenas 121 e em janeiro de 2025, 100 licenciamentos. A marca chinesa tenta reverter esse cenário e começou a oferecer descontos de R$ 40 mil na picape, que agora parte de R$ 339.800 na versão GS.
9. Seres

Mais uma chinesa com carros que fracassaram. No caso da Seres, porém, tudo foi um fracasso. A marca chegou ao Brasil em julho de 2023 e iniciou as operações no fim daquele ano com os modelos Seres 3 e Seres 5 tentando pegar o embalo do sucesso de BYD e GWM.
Juntos, os dois carros elétricos venderam oito unidades (isso mesmo que você leu). A empresa já bateu asas e voou daqui.
10. SsangYong Tivoli

Para fechar a lista de carros que fracassaram, um que talvez o nobre leitor nem saiba que existiu. O SUV compacto desembarcou no Brasil no segundo semestre de 2017 em uma tentativa de reestrear a marca sul-coreana no Brasil (mais uma vez). A meta ambiciosa da empresa representante falava em 3 mil unidades/ano.
Foi um desastre completo. Sem rede de concessionárias, com preço pouco competitivo e a desconfiança do mercado, o Tivoli não vendeu praticamente nada. A importadora, inclusive, interrompeu as importações do modelo já em 2018. Ao todo não chegou nem a 50 unidades.