
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) propôs a criação de um fundo de R$ 100 milhões para financiar pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Para liderar o processo, a CNA e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) escolheram Roberto Rodrigues, ex-ministro da pasta e professor emérito da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Ao Agro Estadão, Rodrigues afirmou que a meta é elevar os investimentos em pesquisa da Embrapa para R$ 1 bilhão a cada ano. “[O presidente da CNA, João Martins] me disse que vai trabalhar para isso, e eu também devo ajudar a chegar, em algum momento, a R$ 1 bilhão por ano, chamando outras instituições e empresas e segmentos beneficiários para montar um fundo mais amplo”, destaca.
O ex-ministro ressalta que o orçamento da Embrapa vem caindo ano após ano. “O orçamento está caindo a um nível que, hoje, mais de 90% é para pagar salário. Não tem dinheiro para fazer pesquisa”, ressalta. Conforme a Lei Orçamentária Anual (LOA) 2025, aprovada nesta quinta-feira, 20, do total de R$ 4,76 bilhões destinados ao orçamento da Embrapa, R$ 317,2 milhões serão alocados para o custeio de pesquisas. No entanto, a entidade considera que seriam necessários aproximadamente R$ 500 milhões anuais para atender plenamente às demandas dessa área.
Rodrigues também defende que a iniciativa privada, grande beneficiária dos estudos, precisa pagar uma parte da pesquisa. “Em função desses fatores, o presidente da CNA, João Martins, decidiu criar um fundo, um instrumento para financiar pesquisa [pela Embrapa]. Não é financiar gestão e estrutura. É financiar pesquisa”, reforça.

Próximos passos
Segundo o ex-ministro, o presidente da CNA se reuniu nesta semana com o atual ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e com a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, para discutir a proposta e recebeu apoio de ambos. Foi durante esse encontro que surgiu o nome de Roberto Rodrigues para conduzir o processo. “Estou conversando com algumas pessoas da própria Embrapa e da CNA também, para vermos primeiro qual será [o tipo de] instituição que vamos fazer. É um fundo, um instituto, uma fundação? Qual será o mecanismo legalmente mais adequado para fazer isso?”, explica.
As entidades também precisam definir como o recurso será aplicado. Segundo Roberto Rodrigues, a ideia é criar um colegiado acadêmico responsável por identificar as principais demandas do setor produtivo agrícola e transformá-las em questões a serem solucionadas pelos pesquisadores.
A equipe do Agro Estadão procurou a Embrapa e a CNA para comentar o assunto. A Embrapa informou que ainda aguarda definições sobre o processo para poder se manifestar, enquanto a diretoria da CNA estava em reunião até o fechamento da reportagem.
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