Fantástico denuncia bandas nazistas no Metal brasileiro – assista

“Este é o som do ódio”. É assim que se inicia uma reportagem do Fantástico exibida na edição deste domingo (26) sobre a ascensão de bandas nazistas no Metal brasileiro. Citando um levantamento feito pela ONG Stop Hate Brasil e obtido com exclusividade pelo programa, a matéria aponta para o crescente número de bandas extremistas no país.

De forma correta, a reportagem indica que se trata de um “movimento extremista que usa o gênero Black Metal” para fazer seus ataques, que passam por crimes como racismo e homofobia, além do antissemitismo. A distinção é importante: nem toda banda de Black Metal se encaixa na classificação, mas é fato que o gênero vem sendo usado para isso.

Segundo o relatório mencionado, foram identificadas 125 bandas de Black Metal Nazista espalhadas pelo país, contra 45 indicadas em outro estudo de 15 anos atrás. De acordo com o estudo, 48 bandas não tiveram seu estado de origem identificado, e as que tiveram são majoritariamente de São Paulo (45 no total).

O Paraná, com 11, ocupa o segundo lugar, e o Rio de Janeiro é o terceiro colocado com 7 bandas. Também foram identificadas 4 em Santa Catarina, 4 no Rio Grande do Sul, 3 em Minas Gerais e 1 em Goiás, Sergipe e Rio Grande do Norte. No total, o estudo estima o lançamento de 650 álbuns, incluindo parcerias com bandas neonazistas de 35 países diferentes.

Fantástico fala sobre bandas nazistas no Brasil

Na reportagem, é mencionado o termo NSBM, que se traduz para National Socialist Black Metal. Mesmo se não estiver familiarizado com o gênero, o termo pode soar como algo que você já ouviu recentemente devido a um incidente no interior do Paraná, mais especificamente em Almirante Tamandaré, no ano passado.

Em Dezembro de 2024, uma operação policial apreendeu uma série de discos de vinil ligado ao gênero. Na nova reportagem, o Fantástico menciona um show que aconteceu também no Paraná, no qual um policial infiltrado registrou imagens que mostram as apologias ao nazismo.

A matéria cita também grupos no Telegram que são integrados por pessoas da cena e que são considerados responsáveis por pelo menos 3 ataques terroristas internacionais – inclusive o recente tiroteio em uma escola de Nashville, nos EUA, o que mostra a gravidade da situação.

Ainda que o Fantástico não mencione as bandas que foram identificadas no levantamento, a reportagem obteve uma resposta direta do Spotify que, após uma revisão proporcionada pela consulta da equipe do programa, retirou diversas músicas de sua plataforma por violarem os termos e condições, que incluem uma proibição ao extremismo e ao ataque a grupos de pessoas.

O contraponto

Como citamos no início desta matéria, generalizar o Black Metal como um estilo neonazista é algo completamente errado. Consultado pelo Fantástico, o especialista Wlisses James, doutor em História Social e estudioso do Heavy Metal no Brasil, frisa isso em sua participação:

“Essas bandas e pessoas fazem festivais muito restritos a eles mesmos, e não são bem-vindos em nenhum tipo de evento musical que não seja puramente realizado por eles. O Black Metal como um todo é contra esse tipo de ideologia.”

De fato, há movimentos inteiros dentro do Black Metal que são dedicados a visões opostas – e bandas muito boas que possuem posicionamentos claramente distantes do neonazismo, como Woe, Zeal & Ardor e Summoning.

Vale destacar ainda que, no Metal como um todo, o antifascismo está muito presente atualmente. Aqui no Brasil, bandas como Black Pantera e Crypta tem se posicionado com força neste cenário, seja através de suas letras ou de mensagens nas redes sociais que deixam claras suas visões.

Você pode assistir à matéria do Fantástico clicando aqui.

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