Por que as rivais Honda, Nissan e Mitsubishi estão se unindo?

O Japão desde os anos 1970 assumiu a posição de segundo maior produtor mundial de veículos leves e pesados, atrás apenas dos EUA. Ambos foram ultrapassados pela China, do alto de seus atuais 1,4 bilhão de habitantes, a partir de 2009. Algo, no entanto, era estranho.

No Japão havia 10 marcas independentes: Toyota, Nissan, Honda, Mitsubishi, Suzuki, Daihatsu, Mazda, Subaru, Isuzu e Hino (esta só veículos comerciais). A única aquisição foi da Daihatsu pela Toyota em 1999. Bom lembrar que o primeiro carro nipônico com motor a gasolina, Takuri, surgiu em 1907, mesmo ano de nascimento da Daihatsu.

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Em outros polos produtores, EUA e Europa, muitos concorrentes se agregaram. O Grupo VW reuniu 10 marcas (mais uma de motocicletas), culminando com a Stellantis que congrega 15 de cinco nacionalidades. Nissan foi a primeira grande japonesa a baquear e salva da falência por meio da aliança com a Renault em 1999 que incluiu a fragilizada Mitsubishi em 2016.

A figura da aliança nunca vingou na história da indústria automobilística, no entanto houve muitos projetos em comum ou parcerias de carros e motores até de marcas rivais, a exemplo da Autolatina no Brasil, Argentina e Europa.

O desmantelamento da aliança nipofrancesa era mais do que esperada. Ambas as já tinham iniciado um processo lento de separação. A Renault ainda mantém 35% de ações da Nissan. No entanto, como estas praticamente viraram pó nos últimos tempos, não fará muita diferença, embora reivindique algum tipo de acerto.

Nissan Frontier 2025
Fusão abre caminho para novos produtos, como uma possível picape média da Honda com base Nissan (Foto: Nissan | Divulgação)

Fusão inédita de montadoras

Essa inédita fusão de Honda, Nissan e Mitsubishi, com produção conjunta de quase 8 milhões de veículos e ativos de US$ 54 bilhões, levará dois anos até ser concluída. O terceiro maior grupo automobilístico do mundo fez um comunicado oficial, no final de 2024, em que curiosamente a marca Nissan aparece 12 vezes na frente da marca Honda. Entretanto, em nota de rodapé, é informado que esta nomeará todos os diretores da futura empresa, inclusive o presidente. Para o bom entendedor, a última informação basta…

Consultores internacionais consideram, entre os desafios, a sobreposição de vários modelos, que dificulta sinergias, e o excesso de capacidade de ambas na China, maior mercado mundial de veículos. Por outro lado, a Honda tem posição forte nos híbridos e o grupo deve ganhar em escala. No Brasil, onde há três fábricas das duas fabricantes, ainda não se sabe o arranjo industrial futuro.

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