Maior grupo de percussão do Brasil, Olodum traz a força dos tambores afro para a Amazônia em festival inédito


Grupo se apresenta em Belém no Afropunk Experience, que pela primeira vez será realizado no Norte do Brasil. Confira a entrevista exclusiva com os vocalistas da banda. A força do tambor negro do Olodum
Divulgação
A força do tambor negro da Bahia anuncia a chegada do Olodum à Amazônia. Com 45 anos de história e consolidado como um dos grupos percussivos de maior importância do mundo, o grupo se apresenta em setembro em Belém no Afropunk Experience, versão itinerante do festival Afropunk, que pela primeira vez será realizado no Norte do Brasil.
Em entrevista exclusiva ao g1, os cantores Lucas de Fiori e Narcizinho Santos contam momentos marcantes dessa trajetória potente, comentam a relação do grupo com a sonoridade da Amazônia e falam da expectativa do show que irão trazer para Belém este ano.
“É a estreia do festival em Belém e vamos preparar um show especial. Belém sempre nos recebeu de braços abertos. O povo gosta muito da nossa musicalidade. Vamos trazer o melhor para vocês”, garante Lucas de Fiori, vocalista do grupo.
“O Afropunk dá esse empoderamento ao povo negro e todos vão ter a oportunidade de ver a beleza do evento, que parece um desfile de moda por ser um festival que vai além da música”, diz Narcizinho Santos, vocal da banda.
Em entrevista exclusiva ao g1, integrantes do Olodum falam sobre festival inédito em Belém
Olodum sobe ao palco Espaço Náutico Marine Club no dia 21 de setembro, em uma noite de encontro da cultura preta com a sonoridade amazônica em um line-up que reúne Dona Onete, Black Alien, Aparelhagem Mega Príncipe, Bruna BG e Rock Doido do Psica.
“A gente sempre acompanhou as coisas de Belém, com grandes parcerias da música, como Gaby Amarantos, a Aíla, com que nos encontramos nos Estados Unidos, no Central Park, e produzimos um show falando dessa cultura do povo amazônico, do povo de Belém, de toda essa história musical junto com o Bayana System. Então foi um show muito especial que a gente no Central Park”, diz Narcizinho a respeito do projeto Pororoca, uma apresentação histórica que uniu a sonoridade nortista aos batuques baianos em Nova Iorque no final de 2023.
Olodum
Magali Moraes/Olodum
O começo
“Olodum é o nome de Deus em Yorubá, Olodum Maré. Deus divino, Deus supremo. Criador de todas as coisas. Mas com toda a certeza os criadores do Olodum não tinham a dimensão de que isso se tornaria essa potência que se tornou no mundo inteiro”, diz Luis Fiori, vocalista do grupo.
A história começou em 25 de abril de 1979, no Pelourinho, em Salvador. O grupo surge para que a comunidade pudesse brincar o carnaval. “Logo na sequência, eles viram que precisariam também cuidar dos filhos desses foliões e aí vem a criação do projeto que se originou a Escola Olodum”, conta Fiori.
Olodum se apresenta no Carnaval de Salvador
Sérgio Pedreira/Ag. Haack
Pioneira na educação antirracista no Brasil, através da música, da dança e do canto, como expressões de arte e cultura afro-brasileiras, a Escola Olodum impacta mais de 35 mil crianças e adolescentes.
A instituição atende 850 alunos entre sete e 29 anos. A maioria são meninas de bairros periféricos de Salvador.
“A parte musical do Olodum é só um braço do que é o corpo do Olodum. Os projetos sociais, na minha opinião, é o mais importante do movimento”, diz Fiori.
Olodum leva Michael Jackson ao Pelô
Patrimônio imaterial de Salvador, o Olodum é um movimento cultural que foi o divisor de águas da música baiana nos anos 80, e perpassa gerações levando a música pelas ruas, pelo carnaval, com mensagens da cultura de paz, do amor e da luta contra o racismo.
Michael Jackson grava clipe com o Olodum no Pelourinho
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A banda já percorreu mais de 40 países, e encantou artistas como Paul Simom, Alpha Blondy, Ziggy Marley, FatBoy Slim, The Platters, Sea, PitBull, Jimmy Cliff, entre outros.
Todo esse background atraiu a atenção do rei do pop mundial. Na década de 1990, Michael Jackson parou Salvador quando subiu a ladeira do Pelourinho para gravar, ao lado do Olodum, o clipe da música “They Don’t Care About Us”. O feat foi um divisor de águas na história do grupo baiano.
“A gravação com o Michael Jackson é um trabalho tremendo! Existe o Olodum antes e depois do Michael Jackson”, destaca Narcizinho.
“Transformou o Pelourinho, que era um local degradado, marginalizado e o Olodum consegue, por meio dos clipes e da sua musicalidade, dar visibilidade a esses espaços e faz com que os governantes mudem essa trajetória. Hoje, o Pelourinho é um dos locais mais visitados do nosso país no mundo”, orgulha-se.
Escola Olodum: arte, cidadania e autoestima a crianças e adolescentes da periferia de Salvador
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Orgulho negro
Potência transformadoras de destinos, o Olodum há quatro décadas fortalece o empoderando a juventude negra de Salvador por meio da Escola Olodum.
“A nossa arma é musical. A gente usa o tambor como isca para atrair as crianças. Eu entrei no Olodum com 9 anos através dos projetos sociais nas comunidades. Hoje, eu tenho 42 anos. Pai de dois filhos, então toda a minha formação musical e social eu construí dentro do Olodum”, declara Lucas de Fiori.
“O Olodum me ensinou a ser um cidadão de bem, responsável. A entender que todos precisam ser respeitados, independente das escolhas, da raça”, diz Narcizinho.
“Além disso, foi um dos primeiros movimentos ‘arco-íris’ do Brasil, justamente por a gente abraçar todo mundo, todos os tipos de religião, todas as opções sexuais. As pessoas se sentem acolhidas e para a gente o Olodum é isso: um local de acolhimento, um lugar de amor”.
Serviço:
AFROPUNK Experience Belém
Data: 21 de setembro
Local: Espaço Náutico Marine Club – Av. Bernardo Sayão, n° 5232 – Guamá, Belém – PA
Ingressos à venda no Sympla
Classificação: 14 anos

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