“É um desrespeito! Porque, se para o homem tem punição, por que para ele não? Porque ele é um Guarda Municipal? Ele só vai ser afastado? É só isso mesmo? Eu quero mais, eu quero ele preso!”. Essa é a fala de Andressa Maria Rios Gonçalves, 29 anos, agredida com um tapa na cara por um Guarda Municipal de Balneário Camboriú, na noite de domingo, 30, após o show do cantor Mumuzinho.
No relato da vítima à Rádio Menina, ela apresentou os fatos até o momento da agressão. Segundo Andressa, ao término do show, ela e seu grupo se dirigiram para a parte de trás do palco, onde o cantor passaria para tirar fotos com os fãs. Ao chegar lá, já havia várias pessoas aguardando. O artista passou e tirou fotos com alguns deles. No local, além dos guardas municipais, também estavam os seguranças do artista.
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Segundo ela, os agentes começaram a abrir espaço para o cantor passar e, nisso, a Guarda Municipal começou a empurrar as pessoas presentes no local. Neste momento, ela virou para o agente e falou que ia sair, mas que ele não precisava ficar encostando e empurrando ela. Ainda conforme o relato de Andressa, nesse momento ela se virou e chamou o agente de mal-educado, foi quando sofreu a agressão, recebendo um tapa na cara do guarda municipal da Ronda Ostensiva Municipal (ROMU).
Questionada se, em algum momento, eles se negaram a fazer algo ou seguir as ordens dos agentes, ela informou que não, que no momento do pedido eles começaram a se deslocar e, logo em seguida, veio o empurrão e o tapa na cara.
“Olha, eu me sinto muito triste. Tô bem decepcionada, porque a gente tá ali, a gente quer segurança, e, no momento, causou essa desordem. Eu me exaltei, não vou dizer que não. Eu fiquei muito brava, comecei a falar alto e chamei ele de mal-educado”, conta Andressa.
Quanto a ter ingerido bebida alcoólica e estar alcoolizada, a mulher relata que haviam bebido, sim, mas que não se trata dessa questão de alcoolismo, afinal, eles não saíram de casa para arrumar briga. “A gente não sai de casa para querer brigar. É uma coisa que a gente sai pra curtir e acaba acontecendo o que aconteceu”, afirma.
Assista o vídeo da agressão aqui: Guarda municipal é afastado após agredir mulher com tapa no rosto na Praia Central, em Balneário Camboriú
Registro de Boletim de Ocorrência
Além da situação enfrentada na Praia Central, relacionada à agressão, Andressa se dirigiu à Delegacia de Polícia Civil, na Rua Inglaterra, para confeccionar o Boletim de Ocorrência no dia do ocorrido, porém, não conseguiu.
Ela informou ter sido atendida por um homem no local que, no primeiro momento, disse que o atendimento demoraria e, em seguida, falou que não poderia fazer o Boletim de Ocorrência (BO). Segundo ela, o homem deu a entender que não poderia confeccionar um BO de policial contra policial, no caso, um guarda municipal. Na segunda-feira, 31, eles retornaram novamente, e novamente receberam a mesma informação.
Andressa conseguiu realizar o BO apenas na Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso (DPCAMI).
Processo Administrativo Disciplinar
Na manhã desta terça-feira, 1°, o secretário de Segurança Pública de Balneário Camboriú, Evaldo Hoffmann, informou que foi instaurado um processo administrativo disciplinar contra o agente para que seja seguido o devido processo legal e que ele possa usar a ampla defesa e o contraditório.
De acordo com Hoffmann, o agente foi afastado de suas funções e está realizando trabalhos internos na secretaria. “Trata-se de um excelente profissional, mas decidimos pelo afastamento”. Para ele, essa decisão foi importante para que possa ser feita uma apuração isenta e com a maior lisura possível.
Em uma opinião e uma avaliação da cena pelo secretário, ele identificou que, na situação, estava ocorrendo um crime de desobediência. “A informação que eu tenho, até por terceiros que me ligaram depois, que inclusive vão servir de testemunhas, é que aquela pessoa estava alcoolizada e queria adentrar no camarim de um dos artistas que estavam ali. Ela recebeu uma ordem legal e não cumpriu”.
Na visão de Hoffmann, essa pessoa deveria ter recebido voz de prisão por ter descumprido uma ordem legal. “Eu tenho um crime que está acontecendo, e o meio de conter e resolver aquele crime é a condução para a delegacia. Foi utilizado um subterfúgio, que eu também não concordo, não prego isso. Por isso que está instaurado um processo administrativo disciplinar”, encerrou o secretário.