
A lagarta-do-cartucho é um dos problemas constantes na agricultura brasileira. Devido a sua versatilidade de alimentação, ela ataca cerca de 200 culturas agrícolas, incluindo milho, soja, algodão, arroz e pastagens. No milho, uma das plantas mais afetadas, ela pode causar uma perda de produtividade entre 30% e 40%.
A partir de um baculovírus isolado e específico, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu um novo bioinseticida que teve resultado de 85% no controle do inseto. Se trata do Virumix, produto feito em parceria com o Instituto Mato-Grossense do Algodão (IMAmt) e a Cooperativa Mista de Desenvolvimento do Agronegócio (Comdeagro), e que será lançado na próxima quinta-feira, 03, na unidade da Comdeagro de Sorriso (MT).
Como explica o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo e um dos responsáveis pelo novo bioinsumo, Fernando Valicente, a ação do baculovírus acontece no estômago do inseto. “A lagarta tem três intestinos: anterior, médio e posterior. Tudo acontece no intestino médio. Quando ela é menor, o ph é maior. Isso favorece a ação do vírus. Uma vez que o produto está aplicado na planta, a lagarta come e se infecta. Quando chega no intestino médio, esse ambiente faz o processamento e os vírus começam a agir nas células intestinais”.
Por ser um produto que depende da ingestão por parte da lagarta, o pesquisador ressalta que o cuidado no momento da aplicação é muito relevante. “O sucesso de um biopesticida depende do posicionamento com base na praga, na cultura e na região”, destaca.


Recomendações de aplicação
De forma geral, a orientação de uso do bioinseticida é de 50 gramas por hectare. A calda deve ter entre 90 e 120 litros de água e mais um espalhante, que serve para quebrar a tensão superficial da água e deixar a solução líquida mais dispersa em toda a parte aérea da planta. “Para não dar chance do inseto se alimentar onde não tem vírus”, comenta o pesquisador.
Outra observação que Valicente faz é que a lagarta-do-cartucho é mais suscetível ao vírus quando ela ainda é pequena, até 1 centímetro de comprimento. Por isso, ele destaca que é fundamental a aplicação já na detecção dos primeiros insetos na lavoura. Segundo ele, esperar 30 dias após a germinação pode atrapalhar os resultados.
“O que a gente recomenda, dependendo do histórico, é fazer a aplicação assim que você ver os primeiros sinais da lagarta-do-cartucho ali. O que a gente tem observado, em todos os locais que visitamos na época de safra, é fazer com sete a dez dias pós-germinação. Apesar de ser muito cedo, a gente já vê que há sinais da lagarta. Você não pode deixar essa lagarta crescer ou perder essa primeira aplicação”, esclarece.
Além disso, um fator importante para ser analisado é a temperatura. Em média, uma vez aplicado o produto, ele continua viável, ou seja, com eficácia, por aproximadamente dez dias. Caso ocorra um veranico ou mesmo regiões que têm o combo calor mais baixa umidade, esse tempo pode reduzir. De acordo com o pesquisador, a temperatura e o período da aplicação balizam a frequência com que o bioinseticida deve ser pulverizado. Geralmente, são quatro vezes ao longo do ciclo da cultura. Outra recomendação é não aplicar o produto entre 10h e 16h, devido aos raios ultravioleta.

Nova biofábrica
Para a comercialização em escala do produto, a Comdeagro também irá inaugurar na próxima quinta uma biofábrica. A unidade de produção ficará em Sorriso (MT) e será responsável pela produção do Virumix. A distribuição será feita pela Comdeagro, que planeja expandir as vendas também para outras partes do país.
Inicialmente, a embalagem do bioinseticida será de dois quilos, o que seria suficiente para 40 hectares de área pulverizada. A ideia é que no futuro outras embalagens menores também sejam ofertadas para atender agricultores que tenham uma demanda mais ajustada.
Mais informações sobre a comercialização, basta entrar em contato com o Comdeagro:
Telefone: 66 3498-6556
Site: https://comdeagro.com.br/
O post Lagarta-do-cartucho: novo bioinseticida da Embrapa promete 85% de controle apareceu primeiro em Agro Estadão.