Lula diz que Brasil vai à Organização Mundial do Comércio contra tarifas dos EUA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na noite desta quarta-feira, 26, que o Brasil recorrerá à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as taxas impostas pelos Estados Unidos. Desde 12 de março, os EUA aplicam uma tarifa de 25% sobre as exportações brasileiras de aço e alumínio.

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Ao encerrar sua viagem ao Japão, Lula concedeu uma entrevista em que mencionou que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou uma taxa de 25% para todos os automóveis fabricados fora dos EUA, incluindo os do Japão.

Em resposta, o petista disse o Brasil pode implementar tarifas de reciprocidade sobre produtos importados dos EUA. Segundo ele, a medida visa a proteger os interesses comerciais do Brasil.

“Nós temos duas decisões a tomar: uma é recorrer na Organização Mundial do Comércio (OMC), que nós vamos recorrer”, disse Lula. “E a outra é a gente sobretaxar os produtos americanos que nós importamos. É colocar em prática a lei da reciprocidade.” Veja o momento da fala no vídeo abaixo.



A possibilidade de recorrer à OMC já havia sido mencionada pelo vice-presidente, Geraldo Alckmin, que lidera as negociações com os Estados Unidos. Apesar disso, esta é a primeira confirmação oficial de Lula sobre o recurso.

Lula critica protecionismo dos EUA

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com representantes da Associação de Pesquisadores brasileiros no Japão, na sala Ran, do Hotel Imperial, em Tóquio, no Japão
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com representantes da Associação de Pesquisadores brasileiros no Japão, na sala Ran, do Hotel Imperial, em Tóquio, no Japão |
Foto: Ricardo Stuckert/PR

Durante a entrevista, Lula criticou diretamente as medidas protecionistas dos Estados Unidos e alertou para possíveis consequências econômicas negativas para o mercado norte-americano.

“Eu acho que o presidente Trump, como o presidente dos Estados Unidos, tem o direito de tomar decisões”, disse. “O que ele precisa é medir as consequências dessas decisões. Qual será o efeito dessa decisão? Eu, sinceramente, acho que vai ser prejudicial aos Estados Unidos. Isso vai elevar o preço das coisas e pode levar a uma inflação que ele ainda não está percebendo.”

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O brasileiro também expressou preocupação com o aumento do protecionismo global, já que, segundo ele, tais práticas prejudicam o comércio internacional.

“Eu acho muito ruim essa taxação, porque ao invés de a gente facilitar o comércio no mundo, a gente está dificultando-o”, afirmou Lula. “Esse protecionismo não ajuda nenhum país do mundo. Não ajuda. Vamos ver as consequências disso.”

Estratégias e possíveis desdobramentos

Trump durante anúncio nesta quarta-feira, 26, na Casa Branca: 'cobrança por fazerem negócios no nosso país e levarem nossos empregos' | Foto: Reprodução/Twitter/X
Por decisão de Trump, desde 12 de março, EUA taxam em 25% todas as importações de aço e alumínio, independentemente da origem | Foto: Reprodução/Twitter/X

A OMC pode decidir pela revisão das tarifas norte-americanas ou permitir que o Brasil adote medidas retaliatórias. O governo brasileiro busca, por enquanto, negociar a retomada da política de cotas de exportação, mas ainda não conseguiu avançar no tema. Há temor de novas tarifas pelos EUA, que podem impactar mais produtos brasileiros.

No Japão, Lula participou de encontros focados na abertura de novos mercados e no fortalecimento do multilateralismo e livre comércio, temas destacados em uma declaração conjunta entre Brasil e Japão.

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Além disso, o petista enfatizou que a próxima reunião do Brics, sediada pelo Brasil em julho, terá como foco o multilateralismo e a facilitação do comércio internacional.

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