Desde o lançamento do primeiro carro flex, o Volkswagen Gol 1.6 em 2006, que existem mitos sobre esse sistema se “acostumar” com um combustível. Na prática, não existe isso, você pode alternar entre gasolina e álcool quando bem entender, o gerenciamento eletrônico irá se adaptar.
Nos últimos anos, com a proliferação de carros flex com injeção direta de combustível, começou a se popularizar uma recomendação de colocar um tanque de gasolina a cada 10 mil km com etanol. Mas não são todas as montadoras que recomendam isso.
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O primeiro carro flex com essa recomendação foi o Toyota Corolla de 10ª geração, que foi produzido no Brasil de 2008 a 2014. Na página 1-5-4 de seu manual diz:
Recomendamos o abastecimento completo do tanque com gasolina a cada 10.000 km para ajudar a limpeza do sistema de combustível e manter o bom desempenho do motor.”
O Corolla é o único carro sem injeção direta com essa recomendação. Curiosamente, a geração atual, que utiliza esse tipo de injeção combinada com a multiponto no duto de admissão, não traz essa recomendação.
A Volkswagen traz essa recomendação no manual de seus carros apenas para os modelos turbinados. Isso engloba os 1.0 170 TSI e 200 TSI, como também o 1.4 250 TSI. Esses motores equipam as linhas Polo, Virtus, Nivus, T-Cross, Taos e o Tera. Confira o que é dito no manual:
Para veículos com motorização TSI: caso haja opção pelo abastecimento do veículo exclusivamente com combustível do tipo Etanol, é recomendado que a cada 10.000 km o veículo seja abastecido com, pelo menos, um tanque completo de Gasolina. Essa recomendação é de observação obrigatória, e tem como objetivo evitar que haja acúmulo de matéria contaminante proveniente das características do Etanol. Esse possível acúmulo de matéria contaminante no sistema de alimentação de combustível pode resultar na perda de performance do motor ou até em dificuldades na partida do veículo.
No grupo Stellantis existe essa indicação de colocar um tanque de gasolina a cada 10 mil km com etanol para os motores 1.0 e 1.3 turbo da família Firefly; chamados de Turbo 200 e Turbo 270 respectivamente. Isso vem incluso no plano de manutenção dos carros.
Isso vale para os carros da Fiat (Pulse, Fastback, Strada e Toro), Peugeot (208 e 2008), Citroën (C3, Basalt e C3 Aircross) e Jeep (Renegade, Comapss e Commander. O trecho abaixo foi retirado do manual de um Pulse, mas é válido para os outros carros com motores turbo:
Veículos com motor TURBO 200 (Flex): para clientes que optem por abastecer o seu veículo exclusivamente com etanol, é recomendado o abastecimento completo do tanque de combustível com gasolina (no mínimo um tanque) a cada10.000 km para reduzir prováveis contaminantes procedentes do etanol.

Uma marca que entrou nessa onda de indicar alternar o etanol com gasolina após 10 mil km é a Chevrolet. Ela equipou o 1.0 e o 1.2 turbo do Tracker e da Montana com injeção direta em janeiro de 2025. O antigo 1.4 turbo que foi usado pelo Cruze e pela geração anterior do Tracker não possui essa indicação.
As versões anteriores, sem injeção direta, ou o 1.0 turbo do Onix não trazem tal indicação. Confira o que é dito no manual do Tracker com injeção direta:
Para veículos equipados com sistema de injeção direta, caso o proprietário opte por abastecer o veículo exclusivamente com etanol, recomendamos o abastecimento deum tanque completo com gasolina (comum ou aditivada) a cada 10.000 km para eliminar os possíveis resíduos da utilização do etanol no sistema de injeção.
Quatro marcas que oferecem motores flex de injeção direta no Brasil não colocaram essa recomendação no manual: Hyundai, Honda, Renault e Toyota.
Por que as montadoras recomendam alternar entre os combustíveis?
O etanol é mais limpo que a gasolina quando o assunto é emissão de carbono. Isso traz a vantagem de não gerar carbonização nas válvulas como ocorre quando é usada apenas a gasolina comum.
Porém há a desvantagem do etanol gerar uma goma na ponta dos bicos injetores a longo prazo. A recomendação de colocar um tanque de gasolina periodicamente é para limpar esse acúmulo e manter o componente limpo.
Em teoria, o etanol aditivado também serve para manter os bicos injetores em bom estado. Porém é preciso saber se o seu posto realmente aplica o aditivo ao combustível. O Boris recomenda utilizar um aditivo detergente dispersante por conta própria para garantir a limpeza do motor.