Conab inicia antecipação de contratos de opção para compra de arroz

Produtores de arroz que quiserem antecipar os contratos de opção firmados com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já podem fazer a partir de abril. Em cerimônia realizada em Porto Alegre (RS) nesta sexta-feira, 21, o presidente da estatal, Edegar Pretto, assinou ato que autoriza a expedição de avisos em que comunica a possibilidade de efetivação do contrato. 

São cerca de 3,3 mil contratos de opção assinados em três leilões feitos no final do ano passado. Até então, o produtor poderia executar o contrato apenas em agosto de 2025, mas a Conab adiantou a janela. Ao todo, esses contratos correspondem a cerca de 91,7 mil toneladas de arroz. 

“Dado o aviso, eles [produtores] fazem o contato com a Conab para efetivar o contrato que era de opção para agosto e antecipamos para agora, final de abril”, disse Pretto ao Agro Estadão. 

Ele também explicou que o processo será escalonado. Nessa primeira etapa, a região da Fronteira Oeste, no Rio Grande do Sul, além dos contratos nos estados de Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina, podem escolher pela antecipação. “Conforme a região, conforme o momento que faz a colheita, pode ir efetivando o contrato. Então, nesses estados e nessa região do Rio Grande do Sul é agora em abril”, afirmou. Apesar da possibilidade, os produtores também podem executar o contrato em agosto, como anteriormente previsto.

Pretto também pontuou sobre os preços. Em agosto, o preço a ser pago por saca de 50 quilos é de R$ 87,62, o que inclui 20% a mais do preço mínimo e mais o valor de carregamento pago pelo armazenamento da colheita até a entrega final em agosto. Como não há mais esse adicional de logística, o valor estimado pela Conab para compra imediata é de aproximadamente R$ 82 a saca na região da Fronteira Oeste. Segundo o presidente, o preço que vem sendo praticado no mercado nessa área é de cerca de R$ 76.  

arroz irga
Foto: Cleiton Ramão/Irga

Momento explica antecipação

De acordo com Pretto, “com o avanço da colheita e mais produto no mercado, o preço ou se estabiliza ou pode cair ainda mais, então ficou muito atrativo o contrato de opção, com pagamento imediato”. O motivo pelo qual o governo colocou a escolha para agosto é “porque, normalmente, nesse período, o preço oscila para baixo na entressafra”.  

A Conab ainda diz ser “cedo” para apontar quanto das 91,7 mil toneladas serão antecipadas. Na avaliação do presidente, isso vai depender da situação do produtor. “O agricultor que precisar fazer a venda para quitar a sua dívida ou financiamento, possivelmente ele vai concretizar o contrato porque está acima do preço que o mercado está pagando. Passou a ser atrativo. Aí vai da conjuntura de cada produtor. Aquele que tem capacidade maior de deixar o seu arroz no armazém, esperando um preço melhor, ele tem essa opção”, disse.

Ele também lembrou que o momento marca a retomada da Conab na formação de estoques do cereal, que, “depois de oito anos, volta a fazer estoque público de arroz”. Outro ponto que Pretto cita é que o volume contratado poderia ter sido maior, já que houve mais dinheiro para a compra do produto na época dos leilões. 

“Nós tínhamos à disposição para fazer contratos o montante de R$ 1 bilhão, mas o valor que nós contratamos foi de R$ 162 milhões. Como era um crédito extraordinário específico para isso, o recurso voltou para o Tesouro e [os produtores] perderam aí uma boa oportunidade de ter contratado mais”, comentou o presidente.

No final do ano passado, a Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz) criticou os leilões feitos pela Conab. A entidade chegou a falar em “desprestígio” aos produtores do Rio Grande do Sul e classificou a iniciativa como “medida unilateral e intervencionista”. 

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