Toda compra de carro envolve um misto de razão e emoção. Os apaixonados por automóveis escolhem onde investir centenas de milhares de reais, muitas vezes, por detalhes como o ronco do motor ou o formato da carroceria.
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Os pragmáticos, por sua vez, calculam se vale a pena pagar mais por um elétrico que gasta menos. Ou se determinada versão, mais equipada, justifica o preço extra por utilidades que, talvez, não sejam tão úteis assim.
E há quem, além de todos esses aspectos, ainda apela para superstições. Seja quanto ao passado de um veículo usado ou à numerologia das placas. E, claro, quem é precavido e quer evitar ser o “premiado” com um modelo de alta incidência de falhas.
O top-10 abaixo traz dicas para todos os casos.
1. Carros a diesel

Torque em baixas rotações, economia de combustível, manutenções mais espaçadas. Tudo que era vendido como vantagem dos carros a diesel, agora é oferecido pelos carros híbridos.
Os híbridos plug-in, principalmente, costumam aproveitar o arranjo de motor elétrico na traseira e motor a gasolina na dianteira, oferecendo tração integral. Também há alívio de itens como pastilhas de freio, que são menos utilizadas.
Além disso, conflitos ao redor do mundo encareceram sensivelmente o óleo diesel, que também é pouco adequado para as novas leis ambientais, cada vez mais rígidas. Não à toa, carros a diesel vêm registrando desvalorização muito maior do que a média.
As picapes ainda resistem, mas SUVs como o Jeep Compass abandonaram as versões a diesel recentemente.
2. Porsche 550 Spyder de James Dean

Um dos grandes atores dos anos 1950, James Dean fazia jus ao “rebelde sem causa” que interpretou no filme “Juventude Transviada”. O galã era apaixonado por automobilismo e só arrumou problemas assim que comprou um Porsche 550 Spyder em 1955.
O estúdio de cinema pediu que ele parasse de acelerá-lo e um amigo — o ator Alec Guiness — jura ter advertido que o conversível era agourado. Era: Dean morreu cinco dias depois do aviso, quando um motorista atravessou a pista, em sentido contrário em que Dean vinha correndo.
Segundo relatos, os destroços do carro caíram de um suporte hidráulico, ferindo um mecânico. Partes do motor foram reaproveitadas em carros que, posteriormente, se envolveram em acidentes graves. E, por duas vezes, o local em que os restos do carro estavam expostos pegou fogo aparentemente do nada.
O paradeiro do Porsche 550 Spyder de James Dean é desconhecido, mas recomenda-se cuidado ao comprá-lo.
3. Fisker Ocean

No início de 2024, um dos youtubers mais conceituados em assuntos de tecnologia, Marquees Brownlee, fez um relato incomum para seu jeito moderado: “o Fisker Ocean é o pior carro que já avaliei”.
Segundo Marquees, ele precisou alugar o SUV elétrico — que tentava surfar na onda da Tesla —, pois a marca não quis ceder uma versão idêntica à vendida nas lojas. O influenciador listou uma extensa lista de problemas na fabricação, no software e no desempenho do carro.
Tendo 20 milhões de inscritos no YouTube, a Fisker recebeu grande atenção, que revelaram as finanças precárias da empresa. Nisso, as ações da companhia caíram, a situação financeira piorou ainda e começou uma queda que só acabou com a falência, ainda em 2024.
4. Lecar 459

O Brasil tem um carro elétrico para chamar de seu: o Lecar 459, que é propagandeado junto ao seu idealizador (que, por sua vez, gosta de ser comparado a Elon Musk). O carro custará R$ 159.300, tem design e especificações reveladas (ainda que mutáveis) e prazo de estreia: 2026.
O problema é que a Lecar sequer começou a construir sua hipotética fábrica. Também não há nenhuma pista de como uma empreitada de bilhões de dólares e extrema complexidade será feita sem um robusto plano de negócios ou movimentação junto a setores da indústria.
5. Carro nota zero do Latin NCAP

O Latin NCAP é o principal órgão que avalia a segurança dos automóveis vendidos no Brasil. Ele realiza os famosos crash-tests, com acidentes do mundo real sendo replicados em laboratório.
Os resultados rendem notas de zero a cinco estrelas. Recentemente, os Citroën C3 e Citroën C3 Aircross zeraram o teste, indicando que, na visão do Latin NCAP, eles ofereceram muito pouca proteção aos ocupantes em caso de colisões.
6. Tesla Cybertruck

Logo no anúncio da Cybetruck, Elon Musk passou umas dos seus maiores constrangimentos em público. Ao exibir os vidros blindados do carro, Musk arremessou, ao vivo, uma bola que quebrou o vidro. Foi um mau sinal: a Cybetruck atrasou cinco anos, veio cerca de US$ 30.000 mais cara do que o previsto e vendeu cerca de 20% do esperado.
Não dá para julgar o design, que é subjetivo. Mas dá para quantificar os recalls da picape desde o ano passado: seis, que tornam-na pior do que 91% da frota norte-americana nesse aspecto.
O as linhas da caminhonete também preocupam especialistas, que veem risco aos pedestres. A carroceria em aço inoxidável, por sua vez, é acusada de causar risco aos ocupantes, mas até agora a Cybetruck não passou pelos crash-tests.
7. Carros da Ford com câmbio Powershift

O câmbio automatizado com dupla da embreagem da Ford visava trazer trocas de marcha mais suaves ao trio Fiesta, Focus e EcoSport. Houve, porém, altíssima incidência de problemas como trepidações, barulhos e superaquecimentos que obrigavam idas frequentes à oficina.
A Ford reconheceu o problema, estendeu a garantia dos carros com Powershift e até foi processada por consumidores. No fim das contas, abandonou a dupla embreagem e hoje seus carros no Brasil aproveitam a transmissão automática de dez velocidades, oriunda do Mustang e elogiada.
8. Ford Pinto

Outra bola fora da Ford foi com o Pinto, que estreiou em 1970. O trocadilho não era problema, pois fora vendido nos Estados Unidos. O grande problema do Pinto era mesmo a traseira, onde o tanque de combustível ficava perigosamente posicionado.
Em colisões por trás, era a receita perfeita para incêndios que, estima-se, mataram entre 27 e 500 pessoas, direta ou indiretamente. Cobrada pelo Governo, a Ford publicou o famoso “Memorando Pinto”, que comparava os custos das indenizações e os de mudanças no projeto do carro.
A Ford saiu mal na história e teve que fazer o recall de 1,5 milhão de Pintos em 1978. À época, a conclusão meramente técnica dos números gerou acusações de que a marca escolhera pagar pelas mortes em nome do lucro. Essa afirmação é contestada por outros historiadores.
9. Graf & Stift Double Phaeton do Arquiduque Francisco Ferdinando

É improvável que o leitor tenha vontade de adquirir essa unidade específica do conversível, fabricada em 1910. De todo modo, saiba que esse luxuoso automóvel de produção austríaca artesanal era ocupado pelo arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do Império Austro-Húngaro, em um passeio pela cidade de Sarajevo em 1914.
Foi nele em que o nobre recebeu cinco tiros disparados pelo rebelde Gravilo Princip, ligado ao grupo radical Mão Negra, da Sérvia. A Áustria-Hungria revidou e, por conta de tratados de proteção, toda a Europa foi levada à Primeira Guerra Mundial, de um lado ou de outro.
A placa do Double Phaeton era AIII 118, que, segundo numerólogos, era um presságio: A da Iª Guerra em Iº de novembro (mês II) de 1918. Na dúvida, não arrisque.
10. Qualquer Vinfast

O Vietnã é um dos novos Tigres Asiáticos, e busca aproveitar a bonança econômica que se espalha da China para os vizinhos. No ramo automotivo, a Vinfast foi a queridinha do país: carros elétricos com tecnologia de ponta e que teriam a ousadia de serem feitos nos Estados Unidos.
No fim, a fábrica da Vinfast nunca saiu e as vendas nos EUA foram péssimas. Diferentes críticos classificaram Vinfast VF8 como um dos piores automóveis à venda no país. Engenheiros foram à imprensa denunciar que eram trancados em salas para entregar carros no prazo, mesmo que não se atingisse padrões mínimos de segurança.
Investigações por fraude correram no país-sede e, de janeiro a setembro de 2024, a Vinfast acumulou US$ 2 bilhões em prejuízo no mundo todo. Até o ano passado, ela tinha planos de chegar ao Brasil; logo, atenção.