‘Trouxe sensação de dúvida e esperança’, diz sobrinha de 62ª vítima de acidente aéreo em Vinhedo sobre a ausência dele em 1ª lista de mortos


Nome de Constantino Thé Maia foi incluído entre vítimas na manhã deste sábado (10). Familiar afirma que ele “morreu de novo”, ao comentar drama de família até confirmação. Sobrinha de 62ª vítima de acidente aérea relata drama após ausência dele em primeira lista
Sobrinha da 62ª vítima que morreu no acidente aérea em Vinhedo (SP), na sexta-feira (9), relatou ao g1, que o fato do nome dele não aparecer na primeira lista de mortos trouxe uma sensação temporária de “impotência, de dúvida e de esperança” para a família.
Até a manhã deste sábado, a companhia aérea VoePass totalizava 61 mortos, mas atualizou o número para 62. A vítima acrescentada é Constantino Thé Maia.
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Sobrinha dele, Renata Thé Maia de Arruda Falcão relatou que a companhia aérea já tinha realizado contato com a família na sexta-feira.
“Ontem, a psicóloga da companhia aérea entrou em contato, primeiramente com a minha tia, que é a esposa do meu tio Constantino, para perguntar se ele estava no voo que estava vindo de Cascavel para Guarulhos, e ela disse que sim. Então, ela comunicou que tinha acontecido um acidente e precisava confirmar. Minha tia entrou em pânico e não conseguiu dar continuidade na ligação, então a psicóloga entrou em contato com a minha mãe, que é irmã dele”, conta.
Constantino e a sobrinha Renata
Arquivo pessoal
Segundo Renata, a companhia informou um número de voo, mas sua mãe encontrou outro número no cartão de passagem do tio. Então, a empresa teria informado que o número tinha mudado porque o voo dele tinha sido transferido da Latam para a VoePass.
“A partir desse momento, veio o desespero, tentar falar com ele pelo telefone, pelo WhatsApp e tudo. A última visualização do WhatsApp dele é às 11h54 […] Viemos todos nos reunir na casa da minha mãe, onde minha avó mora, que é a mãe de Constantino, e ficamos muito preocupados, muito tristes, muito abalados, até que saiu a lista oficial, com os 61 nomes e o dele não estava”.
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A lista divulgada, segundo Renata, trouxe mais incertezas para os familiares.
Nos trouxe uma sensação de impotência, de dúvida e de esperança. Alguns mais, outros menos, mas existia essa esperança no final das contas, de: ‘O que será que aconteceu, será que ele não embarcou, será que ele pegou um outro voo, será que houve um overbooking e botaram ele em outro canto, será que ele se recusou a entrar no avião porque tinha mudado?’ Foram vários ‘se’ na nossa cabeça e ficou nessa tensão
Constantino (no centro da imagem) era muito ligado à família, relata a sobrinh
Arquivo pessoal
A família, então, passou a ligar várias vezes para a VoePass. “A única coisa que eles diziam é ‘colhemos seus dados e assim que tivermos alguma notícia vamos entrar em contato'”.
Entre 20h e 21h, a empresa ligou para um dos tios de Renata, pedindo que ele fosse a São Paulo. Dois irmãos de Constatino foram até a capital paulista.
“Hoje, às 7h20, exatamente depois do desembarque, a VoePass deu o comunicado oficial, de que ele tinha embarcado no voo e por um erro do sistema não estava constando, porém, já tinham checado e ele de fato estava. Ele morreu de novo, porque até então existia esperança, mas, infelizmente é o fim”.
Constantino era proprietário de empresa onde familiares trabalham
Arquivo pessoal
Renata contou que a família é muito unida. “De convívio diário mesmo. Meu tio vinha todos os dias aqui na minha casa, que é a casa da minha mãe, da minha avó, porque minha mãe trabalha com ele, o escritório dele é na casa da minha mãe. Então ele vinha, ele passava os dias, os cafés da manhã diários eram com a minha avó. Minha avó fazia tudo por ele, e ele consequentemente tudo por ela também. Então é uma perca que a gente ainda não consegue mensurar. A perca emocional, o abalo é imensurável”, lamentou.
Além disso, ela afirmou que ele era o dono de uma empresa na qual os irmãos também trabalhavam, então, a situação também traz incertezas financeiras à família. “Era o suporte financeiro da família inteira”.
Avião com 61 pessoas a bordo caiu em condomínio de casas em Vinhedo, no interior de SP. Ninguém sobreviveu
Miguel Schincariol/AFP
Como era o avião que caiu em Vinhedo
Arte/g1
O que diz a VOEPASS?
O CEO da Voepass Linhas Aéreas, Eduardo Busch, concedeu entrevista coletiva na noite desta sexta e afirmou que os pilotos eram experientes e que os sistemas operacionais da aeronave estavam todos em funcionamento no momento da decolagem.
Mais cedo, a companhia aérea comunicou em nota que prioriza prestar irrestrita assistência às famílias das vítimas e colabora efetivamente com as autoridades para apuração das causas do acidente.
“A VOEPASS Linhas Aéreas informa que a aeronave PS-VPB, ATR-72, do voo 2283, decolou de CAC sem nenhuma restrição de voo, com todos os seus sistemas aptos para a realização da operação”.
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Foto mostra local da queda em Vinhedo
Claudia Vitorino/ Arquivo pessoal
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Arte g1
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