Mpox: restrições de viagens teriam ‘impacto desnecessário’ nas economias, diz OMS


Declaração foi feita em um contexto de recomendações que a organização emitiu para lidar com o atual surto da doença, que recebeu o mais alto nível de alerta global na última semana. Partículas do vírus da mpox vistas em microscópio eletrônico.
NIAID
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou nesta segunda-feira (19) que restrições gerais de viagens e comércio para a mpox teriam um “impacto desnecessário” nas economias locais, regionais ou nacionais.
A declaração foi feita em um contexto de recomendações que a organização emitiu para lidar com o atual surto da doença, que recebeu o mais alto nível de alerta global na última semana.
No texto, a OMS também recomendou que países estabeleçam ou fortaleçam arranjos de colaboração transfronteiriça para a vigilância e gestão de casos suspeitos da doença e forneçam informações aos viajantes, evitando restrições que poderiam afetar negativamente as economias de países da África afetados pelo atual surto.
Até o momento, foram registrados 27 mil casos e mais de 1.100 mortes, principalmente entre crianças, na República Democrática do Congo desde o início do atual surto em janeiro de 2023.
Fora isso, desde julho de 2024, foram detectados casos de mpox causados pelo clado 2b do MPXV em quatro países vizinhos do país que não haviam registrado casos anteriormente: Burundi, Quênia, Ruanda e Uganda. O clado 2b do vírus que causa a doença é o “tipo mais grave”.
Vacinação crítica
Na última sexta-feira (16), a Bavarian Nordic, uma das poucas fabricantes da vacina contra a mpox no mundo, pediu uma aprovação “crítica” de seu imunizante para adolescentes.
A vacina, chamada de Jynneos (e também de Imvamune ou Imvanex), é atualmente destinada a adultos a partir de 18 anos, mas a farmacêutica dinamarquesa afirmou que resultados provisórios de um estudo clínico mostraram que ela é tão eficaz em adolescentes quanto em adultos, com perfil de segurança semelhante (entenda mais abaixo).
“Mais de 70% dos casos da África estão ocorrendo atualmente em pessoas com menos de 18 anos, por isso será crítico que a nossa vacina possa ser usada neste grupo etário mais jovem”, disse o CEO da companhia Paul Chaplin, em entrevista à emissora CNBC, dos EUA.
O pedido foi enviado à Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês). Nele, a Bavarian Nordic pede a utilização do imunizante em adolescentes dos 12 aos 17 anos.
Ainda segundo a farmacêutica, o estudo foi feito com 315 adolescentes nessa faixa etária e 211 adultos com 18 anos ou mais, comprovando uma “não inferioridade das respostas imunitárias”, bem como um perfil de segurança semelhante, entre ambos os grupos etários após a vacinação com duas doses, padrão da vacina.
Nos Estados Unidos, durante a epidemia anterior de mpox, a agência norte-americana para a Alimentação e Medicamentos (FDA, na sigla em inglês) autorizou a utilização emergencial da vacina para adolescentes.
No Brasil, o imunizante está aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) somente para adultos a partir de 18 anos.
49 mil doses foram disponibilizadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) para uso na população, mas somente 29.165 foram aplicadas até o final do último mês de junho.
Apesar disso, capitais como São Paulo, por exemplo, não têm mais doses disponíveis do imunizante.
Partículas do vírus da mpox vistas em microscópio eletrônico.
NIAID
Ao g1, o Ministério da Saúde disse que mantém diálogo contínuo com a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAs) para verificar a possibilidade de novas doses para o Brasil, considerando a disponibilidade limitada do fundo rotatório, mas não há previsão de vacinação em massa.
Isso porque a disponibilidade de vacinas é limitada, e as doses precisam ser priorizadas para regiões com maior transmissão, como algumas áreas da África.
A Bavarian Nordic, por exemplo, disse que vai enviar vacinas contra a mpox principalmente para os países africanos com surtos graves, como a República Democrática do Congo (RDC). A empresa afirmou que está colaborando com autoridades locais e organizações de saúde para garantir a distribuição eficiente.
Atualmente, a empresa tem cerca de 300.000 doses prontas para envio imediato e planeja entregar 2 milhões de doses ainda neste ano e outras 8 milhões até o final de 2025.
Entenda por que a mpox voltou a ser uma emergência global

Adicionar aos favoritos o Link permanente.