Favela Cria: criatividade na publicidade e uso de inteligência artificial encerram discussões da segunda edição

Favela Cria: criatividade na publicidade e uso de inteligência artificial encerram discussões da segunda ediçãoAriane Costa Gomes

Foto: Suzana Leite

Em três dias, a segunda edição reuniu mais de 40 profissionais

O terceiro e último dia de Favela Cria, evento de comunicação promovido pelo Grupo Cria Brasil, abordou temas como publicidade, influenciadores e inteligência artificial. No decorrer do dia, os profissionais ressaltaram a importância e influência de Silvio Santos no mundo da comunicação. O apresentador faleceu no último sábado (17) em São Paulo. 

No painel Inovação Criativa na Publicidade: Estratégias e Tendências para o Futuro, Dilma Campos, CEO e Partner da Nossa Praia, Head de ESG da BPartners.co; Marcelo Barcellos, roteirista, planejador criativo e diretor de cena; Pedro Reiss, ex-CEO da Wunderman Thompson Brasil; discutiram sobre as transformações enfrentadas pelo mercado publicitário nos últimos anos e desafios para o futuro da área.

Um dos desafios na questão criativa apontados por Dilma Campos é a inversão muito grande na pirâmide etária no Brasil. A profissional ressaltou que as marcas e o mercado de trabalho precisam enxergar o papel das pessoas com cinquenta anos ou mais e incluí-las nesse processo. Destacou que a interseccionalidade etária e racial precisam ser pensadas dentro da publicidade.

Pedro Reiss disse que a publicidade está num momento interessante em que as ferramentas criativas estão nas mãos de mais pessoas. No entanto, os profissionais da área e o mercado ainda estão aprendendo como navegar diante desse cenário.

A Geração Z, que inclui pessoas que nasceram entre os anos 1995 e 2010, está forçando a publicidade a pensar de forma diferente. Para Marcello Barcellos, as marcas estão procurando atender às pressões de consumo desse público por meio de narrativas diferentes em lugares que não costumavam procurar. Pensar sobre o produto e o canal virou algo essencial para estar onde o público está. Apostar na autenticidade é algo fundamental para desenvolver bons projetos.

No painel Construção de carreiras de sucesso, Suelen Marcolino, formada em Relações Internacionais e com MBA em Marketing Digital, compartilhou sua trajetória e dicas para jovens que querem entrar no mercado de trabalho. A profissional diz que é necessário ter a coragem de dar o primeiro passo. “Vejo alguns jovens negros que, por não terem tido acesso a oportunidades, se inferiorizam e não tem a coragem de expor suas ideias dentro do ambiente profissional”, conta. A falta de experiência faz com eles se sintam acuados. No entanto, Suelen reforça que é preciso olhar como uma oportunidade de desenvolvimento e não se deixar intimidar pelo ambiente de trabalho. Já viu muitas pessoas com capacidade técnica não prosseguirem em um cargo porque o psicológico não acompanhou. 

Alexsandra Celeste Silva, cientista e pesquisadora de mercado há mais de 25 anos, apresentou o painel IA e Creator Economy. Com o crescente interesse pela área de influência digital, a pesquisadora explicou sobre Creator Economy, termo usado para se referir a um conjunto de negócios, atividades e empregos criados em torno da produção e distribuição de conteúdo digital por indivíduos, influenciadores, artistas e criadores independentes. Uma pesquisa indicou que mais de 75% dos jovens brasileiros expressaram interesse em ser influenciador digital. Alexsandra apresentou como o Chat GPT, MidJourney e Gemini, serviços de inteligência artificial (IA), têm sido usados por influenciadores digitais em suas produções. Essas e outras ferramentas são usadas para gerar ideias, pesquisar tópicos, escrever roteiros, editar miniaturas e mais. 

Entre algumas das vantagens apontadas pelo uso de IA estão a rapidez, substituição de habilidades e melhora da qualidade do conteúdo. As desvantagens apontadas pelos criadores são excesso de confiança, baixa qualidade e falhas tecnológicas. A pesquisadora mostrou ferramentas diversas usadas na produção de conteúdo e reforçou que o uso de IA está cada vez mais presente em nosso cotidiano e que exige responsabilidade e ética. 

Encerrando a programação, Pedro Veríssimo, Co-Founder do Papum EdTech e Head de produtos na Escola do Caos, apresentou o painel Impactos da Inteligência Artificial no mercado de trabalho e nas nossas vidas. O profissional abordou como os avanços tecnológicos e a popularização do acesso à internet permitiu a execução de atividades até então inimagináveis. Um exemplo disso são as chamadas de vídeo que possibilitam a comunicação instantânea entre pessoas que estão em lugares diferentes. 

Pedro ressaltou que a inteligência artificial não é uma novidade, termo foi usado pela primeira vez na década de 1950. Entre os impactos da IA no mercado de trabalho, o profissional destacou três pontos: aumento da produtividade, automatização de processos e surgimento e desaparecimento de empregos. Cientista de dados, engenheiro de prompt, especialista em segurança digital e analista de ética em IA são algumas das profissões surgidas dentro desse novo contexto

A produção de informação aumentou muito nos últimos anos, o que requer atenção ao fazer a curadoria do que é relevante ou não e se o conteúdo é de uma fonte confiável ou não. Outro ponto de atenção em relação aos conteúdos produzidos por IA é o viés presente nas ferramentas que podem amplificar preconceitos da sociedade presentes nos dados gerados pelas pessoas. Para lidar com isso, sempre é importante analisar de forma crítica o conteúdo. Além disso, a abstração, a ferramenta pode inventar informações e criar dados que podem poluir a análise. É importante pedir que apresente dados e, novamente, avaliar de forma crítica.

Estamos em ano eleitoral e é preciso redobrar a atenção em relação aos conteúdos a que temos acesso. Um risco do mau uso de ferramentas de Inteligência Artificial é a manipulação de informações e a criação de desinformação em massa. Diante desse cenário, foi criada uma regulamentação específica voltada para o uso de IA durante as eleições municipais deste ano. Algumas das medidas são: proibição de deepfakes; obrigação de aviso sobre o uso de IA na propaganda eleitoral; restrição de emprego de robôs para intermediar o contato com o eleitor (a campanha não pode simular diálogo com candidato ou qualquer outra pessoa); responsabilização das big techs que não retirarem do ar, imediatamente, conteúdos com desinformação, discurso de ódio, ideologia nazista e fascita, além dos antidemocráticos, racistas e homofóbicos. 

O profissional apresentou 5 dicas para verificar as informações recebidas durante o período eleitoral:

  • Procurar os canais oficiais dos candidatos
  • Faça curadoria de fonte de informações confiáveis
  • Desconfie de informações alarmistas e sem fontes
  • Cuidado com o WhatsApp
  • Use sites de verificação como: Lupa, Aos Fatos, Fato ou Fake, UOL Confere.

“São ferramentas importantes que devemos conhecer e usar de forma consciente e responsável”, finaliza Pedro. 

Em três dias, a segunda edição do Favela Cria reuniu mais de 40 profissionais que compartilharam suas experiências em áreas como criatividade, publicidade, jornalismo local, inovação, gastronomia, tecnologia, diversidade, empreendedorismo e mais.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.