Ex-namorado vai a júri por feminicídio de enfermeira grávida

A Vara Única de Alfredo Chaves decidiu levar a júri popular Cleilton Santana dos Santos, pelo feminicídio da ex-namorada, Íris Rocha, ocorrido a um ano. A decisão é do juíz Arion Mergar.

A data do júri ainda não foi marcada. Cleilton responde na Justiça, conforme denúncia do Ministério Público do Espírito Santo (MPES), pelos crimes de feminicídio, ocultação de cadáver e aborto, já que Íris estava grávida, em estágio avançado.

Caso condenado, a pena de Cleiton pode variar entre 20 a 30 anos. Isto porque o crime foi cometido nove meses antes da mudança na lei contra feminicídio, que tornam as penas mais gravosas (entre 20 a 40 anos).

De acordo com o assistente de acusação, Fábio Marçal, a expectativa é que não haja recurso protelatório por parte da defesa e que o júri seja marcado o quanto antes. “Isso dará uma resposta não só para a família, mas também para a sociedade no sentido de que esse tipo de crime não vai ficar impune. Prolongar o júri é prolongar também o sofrimento da família, que só espera por justiça. Nenhuma decisão vai trazer elas de volta, porém, vai dar a paz e a tranquilidade para a família que a justiça foi feita e ele vai ser punido pelo que ele fez”, afirma.

A reportagem tenta contato com o advogado da defesa de Cleiton. O espaço segue aberto para manifestação.

Investigação

Em março, a Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Delegacia de Polícia (DP) de Alfredo Chaves, concluiu as investigações sobre a morte de Íris. Cleilton teria matado a ex-namorada por desconfiar que não era o pai da criança que ela esperava.

No entanto, os resultados do exame de DNA comprovaram que ele era o pai da criança. O corpo da Íris foi encontrado no dia 11 de janeiro de 2024, na localidade de Carolina, no município de Alfredo Chaves, com tiros na região do tórax e coberto com cal. Cleilton foi preso dia 18 de janeiro, na cidade de Viana.

Segundo as investigações da Delegacia de Polícia de Alfredo Chaves, no dia 10 de janeiro, o suspeito foi visto buscando Íris no local de trabalho dela, e, a partir desse momento, amigos e familiares perderam o contato com ela.

Em 11 de janeiro, moradores relataram indícios de sangue na estrada próxima à região de Carolina, levando a polícia ao local onde o corpo de Íris foi encontrado, a uma distância de, aproximadamente, um metro da estrada.

A perícia revelou que a vítima estava grávida, não tendo sido possível salvar o bebê. Íris foi atingida por quatro tiros, sendo um no braço esquerdo, dois na axila e um na têmpora acima do olho direito.

A titular da Delegacia de Polícia de Alfredo Chaves, delegada Maria da Glória Pessotti, explicou que, ao ser encontrado o corpo, apenas um cartão de banco estava presente, porém, com o nome incompleto. Uma parte da equipe se deslocou a Vitória para verificar possíveis parentes da enfermeira. Somente após a identificação da vítima, foi dado início às possíveis causas do crime.

Ainda de acordo com a delegada, a arma do suspeito era registrada no Exército como CAC e foi apreendida na residência dele. “Por meio do exame de microcomparação balística, foi confirmado que a arma foi utilizada no crime. Exames adicionais demonstraram que os estojos encontrados no local do crime foram percutidos pela mesma arma apreendida na casa do autor, que utilizou a própria arma de fogo registrada para cometer o crime”.

 

 

 

Adicionar aos favoritos o Link permanente.