Black metal antifascista: conheça 10 bandas brasileiras que não têm medo de se posicionar

DarkTower e outras bandas brasileiras de Black Metal antifascista
Divulgação

Não é novidade a presença — e infelizmente — a ascensão de bandas de Black Metal com ideologia nazista e que obedecem pautas extremistas no Brasil e no mundo. Era de se esperar que o assunto ganhasse tônus após reportagem sobre o tema ir ao ar na maior emissora de televisão do país, fazendo a informação, tão sabida por quem vive o underground da música extrema, chegar ao público leigo. O TMDQA repercutiu aqui.

O que poucos sabem, mesmo aqueles que acompanham a cena pesada, é que o Black Metal tem sustentado uma potente e crescente corrente de bandas antifascistas e esse movimento ganha força: é o Red and Anarchist Black Metal (RABM); em português, “Black Metal Vermelho e Anarquista”, uma vertente que se opõe diretamente ao discurso de ódio, promovendo a luta por justiça social, diversidade e inclusão dentro da cena extrema, e que no Brasil tem vários representantes interessantíssimos para se conhecer.

São bandas que acontecem em torno de mulheres, negros, nordestinos e músicos de todas as representações distantes do que espera o senso comum quando o assunto é “Black Metal”.

O que é Black Metal?

É inegável que, para muita gente, o que se sabe sobre Black Metal veio pela boca miúda e está atrelado a histórias de violência, suicídios e igrejas incendiadas, especialmente na Noruega dos anos 1990 onde esse estilo musical ganhou um ponto de partida. Contudo, reduzir o gênero a esses episódios é ignorar sua essência.

O Black Metal nasce como uma contracultura poderosa a partir da visão dissidente de jovens daquele trecho do globo sobre colonialismo, religião, ordem social e política. Daí o “anti” tudo: anti-cristianismo, anti-mainstream, anticonvencional, antiestética e até mesmo anti-música, com seu visual e sonoridade caóticos, agressivos e deliberadamente desconfortáveis. É um gênero que desafia não só os ouvidos, mas também as normas, abraçando o desconforto como forma de expressão artística e contestação.

Ideias extremistas nunca fizeram parte das bases originais do Black Metal e a generalização que o equipara ao pensamento fascista como um todo precisa ser combatida com informação. Bandas que utilizam o gênero para expressar resistência e inclusão precisam de espaço e reconhecimento. A maioria das bandas de RABM é jovem e reflete assim o espírito de seu tempo.

NSBM e RABM: entenda as vertentes

O NSBM (National Socialist Black Metal) é a ramificação do Black Metal que propaga ideologias fascistas e nacionalistas. Trata-se de um segmento repudiado por quem defende a música como uma ferramenta de resistência e transformação social.

Em oposição, o RABM (Red and Anarchist Black Metal) surgiu como uma resposta direta a essa corrente, sendo uma vertente politizada que aborda temas como anarquismo, comunismo, anticolonialismo, luta de classes, antifascismo, ambientalismo, feminismo, questões de gênero e sexualidade, além de críticas ao imperialismo e racismo.

O RABM começou com a banda argentina Profecium, em 1993, quando ainda tinha inclinações anarquistas. Contudo, foi nos anos 2000 que o estilo se consolidou, liderado por bandas como o grupo canadense Iskra, que misturava elementos de Crust Punk e Black Metal. Desde então, o RABM tem sido uma alternativa para quem busca resistência e crítica ao status quo dentro do gênero.

Descubra o black metal antifascista

Para quem deseja explorar mais sobre o movimento Black Metal antifascista no Brasil e conhecer bandas nacionais comprometidas com a resistência, separei alguns bons nomes para o TMDQA!. Confira a seguir!

DarkTower

DarkTower, banda do Rio de Janeiro, se destaca por sua abordagem única no Death/Black Metal, incorporando influências de diversas vertentes da música pesada. Suas letras exploram temas sombrios como caos, guerra e mitologia e defendem a evolução do indivíduo como um ser consciente, crítico e liberto de dogmas sociais.

Sem meias palavras a respeito do seu posicionamento político e ideológico, o grupo adota uma postura crítica e rebelde contra as instituições e estruturas vigentes. A banda prepara o lançamento de um novo disco no segundo semestre do ano que abordará a cultura, o folclore nacional, as lutas e as revoluções dos povos originários e minimizados.

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Miasthenia

Os decanos do black metal nacional, Miasthenia, celebram mais de 30 anos de existência. Formada em Brasília em 1994, a banda se destaca pelo estilo Pagan Black Metal. Fugindo dos estereótipos do gênero, três dos quatro membros são mulheres: a cofundadora, vocalista e tecladista Susane Hécate, a baixista e violonista Aletéa Cosso, e a baterista Lith.

O grupo incorpora elementos de música ritualística e folclórica brasileira, sendo conhecido por suas letras em português que exploram a história pré-colombiana, mitologia da América Latina, resistência indígena e críticas ao colonialismo. A banda também experimentou os idiomas latim e tupi. Atualmente, o Miasthenia divulga seu mais recente álbum, Espíritos Rupestres.

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A///Plague

Fundada em 2019 em São Paulo, A///Plague combate diversas formas de opressão, incluindo fascismo, racismo, sexismo e homofobia. Em 2024, lançaram o álbum Solve et Coagvla, reafirmando sua posição como referência no Black Metal antifascista. A banda une uma estética sombria a uma mensagem combativa, traduzindo a revolta e resistência em arte extrema.

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Voorish

Voorish, de Florianópolis, foi fundada em 2021, em meio ao cenário pandêmico, e se inspira no que chama de “apocalipse contemporâneo”. A banda destaca abertamente seu posicionamento contra a agenda da extrema direita e evidencia em suas publicações a expressão “FCK NZS”, deixando claro seu posicionamento.

Embora as músicas não abordem especificamente temáticas antifascistas ou progressistas, já que a proposta artística é voltada para o satanismo, ocultismo e misantropia, seus integrantes repudiaram políticas conservadoras, reacionárias e fascistas. Voorish trabalha a divulgação de seu autointitulado disco de estreia.

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Vazio

Vazio tem se destacado na cena extrema e conquistado um crescente reconhecimento dentro do Black Metal nacional que os levou, inclusive, a excursionar na Europa. Caminhando para dez anos de carreira, a banda tem discografia aclamada, e seu mais recente álbum, Necrocosmos, figurou entre os lançamentos notáveis de 2024.

Vindo de São Paulo, o Vazio mistura elementos atmosféricos e ocultistas, evocando uma forte conexão com temas espirituais e rituais com letras em português e uma aura sonora de fundo também bastante nativa os ouvidos atentos.

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Ìsinkú

Ìsinkú é uma banda de Natal, no Rio Grande do Norte, formada em 2018 e cujo nome significa “morte” em iorubá. O quinteto conta com os graves poderosos da musicista Heloisa Saldanha e faz um som que evoca a natureza humana mais gutural e primitiva.

Seu álbum de estreia, Damnatio Memoriae (2020), mistura elementos da cultura indígena brasileira com Black Metal, agregando temas da mitologia nativa, história brasileira, misticismo, morte, anticolonialismo e anti-imperialismo à receita clássica do gênero como sacrifícios, morte e funerais.

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Sangue de Bode 

Sangue de Bode, do Rio de Janeiro, foi formada em 2017. Seu estilo mistura Black Metal com elementos de Death, Thrash Metal e Crossover, criando um som visceral. Em 2019, lançaram seu primeiro álbum, A Sombra Que Me Acompanhava Era a Mesma do Diabo, seguido por Eu Sou a Derrota, em 2024.

A banda é conhecida por sua intensidade e originalidade e as letras abordam temas como morte, anticristianismo e decadência humana, além de questões políticas e sociais como em “A Missa da Guilhotina”.

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Pöstvmö

A recém nascida Pöstvmö foi formada em 2023, em São Paulo, e combina Black Metal e Crust com letras que abordam resistência e crítica ao capitalismo. Com uma postura abertamente antifascista, a banda busca integrar a diversidade em um cenário ainda majoritariamente homogêneo ao incluir mulheres e pessoas negras em sua formação, além de participar de eventos veganos e straight edge.

Após o lançamento do EP Prólogo, em 2024, a banda agora se prepara para gravar o primeiro álbum completo.

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Pacta Corvina

A banda gaúcha Pacta Corvina é abertamente alinhada ao Red Anarchist Black Metal. Lançou em 2023 seu primeiro álbum completo, Ignis Et Sulphur, iniciando a transição das letras de inglês para português.

O álbum carrega uma forte mensagem política, alinhada à visão antifascista da banda, com músicas que trazem títulos como “Agrochacina”, que canta trechos como “tora no chão/ bancada do boi que sorri” e “Campesino Vermelho”. Até o ano passado teve no posto de baterista a musicista Cláudia Rocha.

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Hereticae

A Hereticae, do Paraná, é uma voz ativa no movimento antifascista, unindo o som radical do RABM ao anticolonialismo. Suas letras abordam luta de classes, anticapitalismo, anarquismo e resistência ao autoritarismo, além de temas como luciferianismo, história e anti-imperialismo.

Com uma postura combativa, a banda promove transformação social e rejeita todas as formas de opressão e discriminação. Ecos do Atlântico é o mais recente álbum.

“Em tempos onde nossas florestas são queimadas, nossos mares se afogam no óleo, e rios inteiros são soterrados junto de seus povos, lutar pela natureza é a coisa mais subversiva, radical e necessária que podemos fazer”.

Hereticae

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