Pesquisa pioneira revela principais doenças da macadâmia no Brasil

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Pesquisadores brasileiros realizaram o primeiro estudo abrangente sobre doenças da macadâmia no Brasil e identificaram as principais ameaças à cultura. A pesquisa, conduzida pela Embrapa Meio Ambiente, em parceria com a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e a empresa QueenNut Macadâmia, analisou amostras coletadas no município de Dois Córregos, no centro-oeste paulista, ao longo de dois anos e propôs soluções para o manejo mais adequado da noz.

Por meio do sequenciamento genético e da morfologia dos fungos, os pesquisadores relataram pela primeira vez os fungos Cladosporium xanthochromaticum e Colletotrichum siamense como causadores de doenças na macadâmia. 

O Cladosporium xanthochromaticum é responsável pela queima dos racemos, espécie de flores, o que afeta a planta principalmente durante o período de floração e pode reduzir drasticamente a produtividade. É caracterizado pela queima das estruturas florais e pelo crescimento fúngico aveludado de cor verde-olivácea. Para o manejo, os pesquisadores recomendam eliminar os restos de flores de safras anteriores e fazer a poda para aumentar a ventilação da copa, o que reduz a umidade e as condições favoráveis para o progresso da doença.

Já o Colletotrichum siamense é causador da antracnose, caracterizada por manchas necróticas nos frutos que diminuem a qualidade e a produtividade. O manejo deve ser feito com a remoção de frutos infectados, controle de insetos que possam causar lesões na planta e a ventilação adequada do dossel.

Outras doenças importantes da macadâmia

Junto com a queima dos racemos, a podridão do tronco foi apontada pelo estudo como a doença mais preocupante da cultura da macadâmia. Provocada pelo fungo Lasiodiplodia pseudotheobromae, essa doença forma cancros no tronco e pode levar à morte de plantas jovens em casos severos. Para o manejo, a recomendação é remover os galhos afetados, proteger os ferimentos com produtos à base de cobre e podar as plantas em estações menos propícias à doença, como outono e inverno.

Embora menos severa, a mancha foliar, causada pelo fungo Neopestalotiopsis clavispora, é caracterizada por manchas pontuais nas folhas. Por ser uma doença que apresenta baixos danos, não foi considerada preocupante até então. A recomendação para o manejo é melhorar as condições de ventilação do dossel.

Ao Agro Estadão, o pesquisador da Embrapa, Bernardo Halfeld-Vieira, disse que as descobertas poderão ajudar a reduzir as perdas, considerando que a produção nacional de macadâmia atualmente representa apenas 2% da produção global. 

“A principal doença, a queima dos racemos, por exemplo, ataca as flores, causando a sua morte. Com menos flores, há menos frutos, o que afeta a produção. A segunda doença mais importante, a podridão do tronco, causa mortalidade de mudas em viveiros e plantas jovens em campo. Isso causa redução do stand de plantas. Portanto, sabendo-se como controlar, aumenta-se a perspectiva de aumentar a produtividade”, avalia.

Identificação dos sintomas e manejo adequado

A pesquisa indica que a identificação correta das enfermidades e a adoção de medidas adequadas de manejo são essenciais para diminuir o impacto das doenças e fortalecer a presença da macadâmia brasileira no mercado global. Os resultados foram publicados em uma Circular Técnica que faz recomendações de acordo com os sintomas de cada patologia da noz.

A publicação detalha as características biológicas dos fungos, a faixa de temperatura ideal para desenvolvimento de cada patógeno e as recomendações de controle químico específicas para cada um deles.

O pesquisador Bernardo Halfeld-Vieira ressalta que “os ativos biológicos podem auxiliar no manejo integrado dessas doenças, reduzindo a necessidade de uso de fungicidas químicos. Porém, eles ainda precisam ser prospectados  e desenvolvidos para que se tornem uma realidade”.

Condições climáticas

O pesquisador da Embrapa explica que as condições climáticas podem fazer com que cada doença cause mais ou menos perdas de produtividade, dependendo do local do cultivo da macadâmia. “Por isso, as informações de quais as condições de temperatura e umidade que as favorecem é importante”, orienta.

Na avaliação de Halfeld-Vieira, as mudanças climáticas poderão alterar esse mapa da relação do clima com os patógenos da macadâmia. “Também pode fazer com que doenças que foram consideradas secundárias, até então de menor importância — como a antracnose e a mancha foliar —, se tornem importantes”, avalia.

Além de prevenir e controlar essas doenças, os pesquisadores esperam que o trabalho também ajude na prevenção da entrada de patógenos exóticos nas plantações brasileiras de macadâmia, a partir do monitoramento e adoção de medidas de exclusão. 

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