ANS propõe mamografia a partir dos 50 anos, medida prejudica diagnóstico precoce

A atriz e apresentadora Ana Furtado tinha 44 anos quando descobriu um tumor no seio. Ela afirmou que conseguiu fazer o exame por teimosia, já que os médicos afirmaram para ela, que não havia necessidade. Aos 50 anos, ela celebra a remissão da doença.

Ana Furtado é rica, famosa e tem acesso a recursos, bons médicos e ainda assim, teve que “bater o pé”, para conseguir fazer um exame porque o câncer de mama tem maior incidência em mulheres a partir dos 50 anos. Mas será que se ela esperasse, chegaria aos 50?

Isso preocupa porque termina neste 23 de janeiro a Consulta Pública nº 144 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que visa estabelecer como diretriz a realização de mamografia de rastreio bienal em mulheres com idade entre 50 e 69 anos, para que as operadoras de planos de saúde recebam a certificação do programa de Certificação de Boas Práticas em Atenção à Saúde.

Geralmente, as mulheres são orientadas, a partir dos 40 anos, a procurar uma Unidade de Saúde para realizar o exame clínico das mamas. A partir dos 50, deve fazer uma mamografia a cada dois anos.

Fernanda Andreão, advogada especialista em Direito Médico e da Saúde, explica que essa mudança pode influenciar a saúde da mulher. “A operadora que quiser passar por essa avaliação, se quiser seguir as recomendações que constam no certificado, ela ganha um selo de qualidade de boas práticas. O problema vem a partir do momento que nessa certificação consta que a operadora tem que atender ao requisito de realização da mamografia entre beneficiárias de 50 e 69 anos a cada dois anos, quando na verdade, a ciência determina que esses exames sejam realizados a partir dos 40 anos anualmente”, afirmou a advogada.

Entre 40 e 50 anos, são 40% dos casos de câncer de mama. Há uma incidência maior com idade menor e a mortalidade quando não tem um tratamento precoce. Isso significa que as chances de cura e remissão são muito maiores, para mulheres que descobrem a doença no início.

Então, entregar um selo de “Boas Práticas”, a operadoras que não estão contribuindo com a saúde das mulheres é contraditório. A operadora não pode agir contra o que diz a ciência e ser premiada. “A ANS publicou um alerta dizendo que não vai mudar a cobertura. Mas a partir do momento que tem uma recomendação com idade menor do que é a cobertura, não faz sentido e leva-se a percepção de que futuramente a situação pode prejudicar os beneficiários do plano de saúde”, destacou a especialista.

A partir dos 20 anos com histórico familiar de câncer de mama terão garantido o direito à realização de exames de mamografia e de mama. “O que a ANS está propondo é uma certificação, mas isso justifica uma preocupação da população, porque lá na frente esse modelo que hoje ele atende, cobre, anualmente e a partir de 40 anos por recomendação médica, pode ser modificado”, destacou. A advogada afirma que é importante que a população vote na consulta pública dizendo que não aprova, apesar da ANS dizer que não está mudando a cobertura.

Atualmente, a maior parte das operadoras segue a recomendação das entidades médicas, viabilizando o rastreio mamográfico anual a partir dos 40 anos. O mastologista se posiciona contra a recomendação de rastreamento bienal entre 50 e 69 anos e considera a proposta um retrocesso.

A resposta à consulta pública está aberta para entidades de classe, médicos, pessoas físicas e outras entidades. Acompanhe a consulta

Adicionar aos favoritos o Link permanente.