O que esperar do agronegócio dos EUA no governo Trump

Com a vitória de Donald Trump nas últimas eleições, o agronegócio dos Estados Unidos se prepara para enfrentar mudanças. Durante sua primeira gestão, Trump foi responsável por reverter regulamentações ambientais e implementar políticas sobre comércio e imigração que moldaram o cenário agrícola.

Agora, com um novo mandato pela frente, várias questões-chave emergem para agricultores e profissionais do setor. Uma das principais preocupações entre especialistas é a possível reversão dos investimentos no combate a mudanças climáticas no agronegócio.

+ Leia mais notícias de Agronegócio em Oeste

Sob o governo Biden, cerca de US$ 19 bilhões foram investidos em práticas agrícolas que reduzem emissões de gases de efeito estufa. No entanto, há um risco de que estes recursos deixem de ser enviados.

Trump já demonstrou sua postura cética em relação às questões climáticas quando retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris e encerrou a publicação de estudos governamentais que citavam mudanças climáticas.

Documentos relacionados ao Projeto 2025, o plano de governo do republicano, sugerem que a nova administração Trump rejeitará iniciativas voltadas à produção de alimentos sustentáveis ao priorizar a produtividade e a acessibilidade econômica.

Outra medida relevante para o setor é a promessa de Trump de deportar milhões de imigrantes ilegais, que representam 44% da força de trabalho do mercado agrícola. A perda de cerca de metade dos trabalhadores de um setor pode levar ao seu colapso econômico.

Governo Trump deve impactar o agronegócio

Além disso, propostas de eliminar o programa de vistos temporários H-2A, que trouxe cerca de 400 mil trabalhadores ao país em 2023, levantam preocupações sobre como os agricultores conseguirão atender suas demandas de mão de obra.

As tensões comerciais marcadas por tarifas e medidas protecionistas foram uma característica forte do primeiro mandato de Trump. Entre 2018 e 2019, países como China e Canadá implementaram retaliações contra as tarifas norte-americanas, o que resultou em perdas de US$ 27 bilhões em exportações agrícolas.

Em entrevista ao New York Post, Trump afirmou que sempre gostou do programa de vistos H1-B | Foto: Reprodução/Twitter/X
Em entrevista ao New York Post, Trump afirmou que sempre gostou do programa de vistos H1-B | Foto: Reprodução/Twitter/X

Para este novo ciclo, Trump promete uma abordagem ainda mais agressiva, como a adoção de tarifas de até 100% sobre países que abandonassem o uso do dólar como moeda de troca. Dessa forma, a estratégia pode reduzir permanentemente o acesso de produtores agrícolas a mercados internacionais essenciais.

Outro aspecto polêmico é a postura de Trump em relação à consolidação no setor agrícola. Empresas gigantes já dominam amplos segmentos, como sementes, fertilizantes e processamento de carnes, o que restringe o espaço de pequenos produtores e encarece os custos para consumidores.

Leia também: “A América sempre reage”, artigo de Ana Paula Henkel publicado na Edição 242 da Revista Oeste

Durante seu primeiro mandato, Trump enfraqueceu regulações que garantiam práticas justas no mercado de carne, o que permitiu que grandes empresas evitassem acusações de exploração.

Com um possível retorno a políticas de desregulação, há quem veja riscos para pequenos produtores, que enfrentariam dificuldades ainda maiores para competir.

Enquanto o setor agrícola dos Estados Unidos olha para os próximos quatro anos, os desafios esperados são muitos. Das políticas ambientais às questões comerciais e trabalhistas, a administração de Trump promete redefinir o cenário do agronegócio em um momento de alta competitividade e pressão global.

O post O que esperar do agronegócio dos EUA no governo Trump apareceu primeiro em Revista Oeste.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.