Aedes aegypti: fumacê não controla a epidemia, afirma subsecretário

O combate ao Aedes aegypti, mosquito responsável pela transmissão de doenças como dengue, zika e chikungunya, começa com uma atitude simples, mas essencial: eliminar criadouros. Esse método, conhecido como combate mecânico, é a forma mais eficaz de prevenir a proliferação do vetor. Afinal, ao descartar recipientes que acumulam água, tampar caixas d’água e limpar ralos e calhas, interrompemos o ciclo de vida do mosquito antes mesmo que ele cause problemas.

Embora o uso de inseticidas seja uma alternativa, ele deve ser considerado um recurso de última instância, alerta o subsecretário de Vigilância em Saúde do Espírito Santo, Orlei Cardoso. O conhecido fumacê, que muitos associam ao combate ao Aedes aegypti, tem na verdade diferentes funções. O termonebulizador “fog”, por exemplo, gera uma fumaça densa e visível, mas é usado para combater o mosquito Culex, conhecido como pernilongo.

Já o UBV (Ultra Baixo Volume) pesado, que cria uma cortina de fumaça leve e transparente, é a técnica específica para o Aedes aegypti. Essa aplicação é feita em locais abertos, nos horários em que o mosquito está mais ativo – geralmente na madrugada, ao amanhecer ou ao entardecer. Ambas as técnicas, no entanto, têm limitações importantes. Elas só funcionam em condições climáticas adequadas, ou seja, não podem ser usadas durante chuvas ou em dias com muito vento.

Além disso, sua eficácia em ambientes fechados, como apartamentos, é reduzida, já que a fumaça não alcança os mosquitos quando as janelas estão fechadas. Mesmo sob condições ideais, o controle químico atinge no máximo 60% dos mosquitos adultos, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o que significa que boa parte dos vetores sobrevive e mantém o ciclo de transmissão das doenças.

Aedes aegypti: fumacê não controla a epidemia, afirma subsecretário
Carro Fumacê — Foto: André Sobral

“Não se consegue controlar a epidemia mesmo com carro fumacê por causa disso. Só matando criadouro é que se corta a transmissão do vírus, o que é a melhor forma de baixar a infestação dessas doenças num município. O mosquito Aedes aegypti adulto vive de 30 a 40 dias, dependendo das condições climáticas. A melhor estratégia é mecânica, eliminando criadouros. A última estratégia é usar o fumacê”, ressalta Orlei Cardoso.

Outro recurso disponível são os larvicidas, usados para combater larvas em criadouros que não podem ser eliminados, como caixas d’água e piscinas. Há, ainda, inseticidas que são aplicados em locais estratégicos, como cemitérios, borracharias e ferros-velhos. O fornecimento de larvicidas e inseticidas é feito pelo Ministério da Saúde por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa). A Sesa repassa os insumos aos municípios, que ficam responsáveis pela aplicação em campo.

Porém, o consenso entre especialistas é claro: o sucesso no controle do Aedes aegypti está na prevenção. Conscientizar a população sobre a importância de eliminar criadouros e adotar hábitos que dificultem a reprodução do mosquito é fundamental. O uso de inseticidas, embora útil em situações específicas, como bloqueios de casos notificados, deve ser tratado como uma medida complementar e não como solução principal.

O Espírito Santo registrou na primeira quinzena de janeiro de 2025 um total de 8.002 notificações de dengue, sendo 1.391 confirmados e cinco mortes estão em investigação. Já em relação à chikungunya foram 63 casos confirmados e nenhum de zika.

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