Guerra comercial entre EUA e China traz incertezas ao Brasil

O Brasil ainda permanece fora das tarifas iniciais impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No entanto, os impactos indiretos dessas medidas podem atingir a economia nacional, principalmente em áreas como câmbio, juros e comércio exterior.

Especialistas destacam que a guerra comercial entre Estados Unidos e China exige do Brasil prudência e um rigoroso controle fiscal.

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Segundo analistas, a valorização do dólar tem sido uma preocupação, especialmente depois da retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris e as propostas de sobretaxar importações do México e Canadá. A intenção de Trump de implementar tarifas de 10% sobre produtos chineses adiciona novas incertezas ao cenário global.

Estratégias e oportunidades para o Brasil

Em entrevista ao jornal O Globo, a pesquisadora Lia Valls, da Fundação Getulio Vargas – FGV Ibre, enfatiza que a possibilidade de novas tarifas não pode ser negligenciada. Ela afirma que “Trump pode usar essa ameaça como uma estratégia de pressão durante as negociações”, disse ela.

O professor Roberto Dumas Damas, do Insper, observa que, apesar dos riscos, a guerra comercial pode também criar oportunidades para o Brasil. Contudo, o país deve estar vigilante e preparado.

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A decisão de Trump de aumentar as tarifas sobre México e Canadá busca, em parte, levar a uma renegociação do acordo comercial entre os três países, prevista para 2026. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, já indicou que o Canadá está disposto a retaliar. Ele sugere o aumento das tarifas sobre produtos americanos, o que intensificaria a disputa comercial.

Impactos econômicos e previsões futuras

Analistas projetam que um cenário mais claro sobre a adoção de novas tarifas deve surgir a partir de abril. Até lá, os estudos solicitados por Trump devem estar pontos. Luis Otavio Leal, economista-chefe da 5G Partners, alerta que um aumento nas tarifas poderia fortalecer o dólar globalmente. Isso poderia gerar efeitos inflacionários nos Estados Unidos e, indiretamente, no Brasil.

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Já o economista Luiz Carlos Mendonça de Barros adverte que o modelo de gestão econômica de Trump pode causar um desequilíbrio global. Segundo ele, os riscos são comparáveis à crise de 2008.

Apesar da participação limitada do Brasil no comércio americano, a incerteza no comércio exterior preocupa, especialmente em setores como siderurgia e agronegócio, essenciais para a economia nacional.

Reações do mercado brasileiro

Notas de Real e Dólar | REUTERS/Amanda Perobelli/Illustration
Notas de Real e Dólar | Amanda Perobelli/Reuters

Recentemente, a ausência de novas tarifas proporcionou um certo alívio ao mercado cambial brasileiro, com o dólar caindo para R$ 6,03 e o Ibovespa subindo. Especialistas de instituições como UBS e Rio Bravo Investimentos ressaltam a importância de controlar a inflação e manter a saúde das contas públicas. Só assim seria possível enfrentar os desafios que o cenário internacional apresenta.

O Bank of America sugere que, embora haja ceticismo em relação aos mercados emergentes, muitos riscos já estão precificados. Assim, as moedas desses mercados, como o real, podem estar subvalorizadas, oferecendo oportunidades de recuperação nos primeiros meses do ano.

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