Criação de tilápias: saiba tudo sobre a atividade

A criação de tilápias tem se destacado como uma atividade promissora no cenário da aquicultura brasileira, oferecendo inúmeros benefícios para produtores rurais. Segundo a Associação Brasileira da Piscicultura (PeixeBR), das 887.029 toneladas de peixes na produção nacional, em 2023, 579.080 toneladas foram de tilápia, um aumento de 5,28% da espécie em relação ao ano anterior.

Esse crescimento constante reflete não apenas a popularidade da tilápia entre os consumidores, mas também sua adaptabilidade e eficiência na criação, tornando-a uma opção atraente para quem deseja iniciar um novo empreendimento no setor aquícola.

Por que criar tilápias?

Primeiramente, as tilápias são conhecidas por seu rápido crescimento, atingindo o peso de mercado em um período relativamente curto, o que permite ciclos de produção mais rápidos e maior retorno sobre o investimento. Além disso, essas espécies são notavelmente resistentes a doenças, reduzindo os custos com tratamentos e minimizando as perdas na produção.

As tilápias podem ser criadas em diversos sistemas, desde tanques escavados até sistemas de recirculação mais intensivos, permitindo que produtores de diferentes regiões e com diferentes recursos possam se aventurar nessa atividade. 

Essa versatilidade se estende também à qualidade da água, pois as tilápias são capazes de tolerar variações nos parâmetros hídricos que seriam problemáticas para outras espécies.

Do ponto de vista do mercado, as oportunidades são igualmente promissoras. A demanda por pescado tem crescido consistentemente, impulsionada pela busca dos consumidores por opções de proteína mais saudáveis. 

A tilápia, com sua carne branca, sabor suave e versatilidade culinária, tem se destacado nesse cenário. 

Além disso, a possibilidade de diversificar a produção, oferecendo não apenas o peixe in natura, mas também produtos processados, como filés e empanados, abre novas possibilidades de negócio e agregação de valor.

Planejamento inicial para a criação de tilápias

O primeiro passo é a escolha do local adequado, considerando fatores como disponibilidade de água de qualidade, topografia do terreno, acesso a energia elétrica e facilidade de escoamento da produção. 

Em seguida, é fundamental decidir sobre o tipo de sistema de criação que será adotado, seja tanques escavados, tanques-rede, ou sistemas mais intensivos como o de recirculação ou bioflocos.

A obtenção das licenças ambientais necessárias é um passo crucial e que não deve ser negligenciado. Essas licenças garantem que a atividade esteja em conformidade com as leis ambientais, evitando problemas futuros e assegurando a sustentabilidade da produção. 

Por fim, a elaboração de um plano de negócios detalhado é essencial para mapear os investimentos necessários, projetar receitas e despesas, e estabelecer metas claras para o empreendimento.

Escolhendo o local ideal para sua criação de tilápias

A escolha do local para a criação de tilápias é fundamental para o sucesso do empreendimento. O primeiro fator a ser considerado é a disponibilidade de água de qualidade e em quantidade suficiente. 

As tilápias necessitam de água com características específicas para seu desenvolvimento ideal, incluindo temperatura adequada (entre 25°C e 30°C), pH entre 6,5 e 8,5, e níveis adequados de oxigênio dissolvido.

A topografia do terreno também é crucial, especialmente para sistemas de tanques escavados. Um terreno com leve declividade facilita o manejo e a drenagem dos tanques. 

A proximidade de fontes de energia é outro ponto importante, pois equipamentos como aeradores e bombas são essenciais em muitos sistemas de criação. 

Por fim, a facilidade de acesso ao local é fundamental tanto para o recebimento de insumos quanto para o escoamento da produção, impactando diretamente nos custos operacionais e na logística do negócio.

Qual o melhor sistema de criação de tilápias?

A escolha do sistema de criação de tilápias deve levar em conta diversos fatores, como disponibilidade de recursos, escala de produção desejada e características do local. Os sistemas mais comuns são:

Tanques escavados: Ideal para áreas maiores, com boa disponibilidade de água. Oferece menor custo de implantação, mas requer mais espaço e pode ter menor produtividade por área.

Tanques-rede: Adequado para criação em lagos, represas ou rios. Permite alta densidade de estocagem e facilita o manejo, mas requer cuidados com a qualidade da água e pode enfrentar restrições ambientais.

Sistemas de recirculação: Ideal para áreas com limitação de espaço ou água. Oferece alto controle sobre os parâmetros de criação, mas requer maior investimento inicial e conhecimento técnico.

Bioflocos: Sistema intensivo que permite alta produtividade em espaços reduzidos, com baixo consumo de água. Requer, no entanto, maior investimento e manejo mais complexo.

Cada sistema tem suas vantagens e desafios, e a escolha deve ser baseada em uma análise cuidadosa das condições locais, objetivos de produção e recursos disponíveis.

Como criar tilápias?

A criação de tilápias envolve várias etapas essenciais, desde a aquisição de alevinos até a colheita dos peixes – Foto: Adobe Stock

O processo começa com a preparação adequada dos tanques ou estruturas de criação, seguida pela aquisição de alevinos de qualidade. 

O manejo da alimentação é crucial, fornecendo rações balanceadas e adequadas a cada fase de desenvolvimento dos peixes. 

O controle da qualidade da água é uma tarefa constante, monitorando parâmetros como temperatura, pH, oxigênio dissolvido e níveis de amônia. 

A prevenção de doenças através de boas práticas de manejo e o monitoramento regular do crescimento dos peixes são atividades fundamentais para garantir o sucesso da produção.

Escolha dos alevinos

A escolha de alevinos de qualidade é fundamental para o sucesso da criação de tilápias. Adquirir alevinos de fornecedores confiáveis, que garantam a qualidade genética e sanitária dos peixes, é o primeiro passo para uma produção eficiente. 

Alevinos saudáveis apresentam características como coloração uniforme, nadadeiras intactas e comportamento ativo. 

É importante também considerar a linhagem dos alevinos, optando por aquelas que oferecem melhor desempenho em termos de crescimento, conversão alimentar e resistência a doenças. 

A realização de uma quarentena antes da introdução dos alevinos nos tanques de produção é uma prática recomendada para prevenir a introdução de doenças no plantel.

Alimentação adequada

A alimentação é um dos aspectos mais críticos na criação de tilápias, influenciando diretamente no crescimento, saúde e qualidade final do peixe. As tilápias requerem uma dieta balanceada, rica em proteínas, vitaminas e minerais. 

A ração extrusada é a mais indicada, pois o processo de fabricação melhora a digestibilidade e flutuabilidade, facilitando o manejo e reduzindo o desperdício.

A frequência e quantidade de alimentação variam de acordo com a fase de desenvolvimento dos peixes. 

Alevinos e juvenis necessitam de alimentação mais frequente, podendo chegar a 4-6 vezes ao dia, enquanto peixes em fase de engorda podem ser alimentados 2-3 vezes diariamente. 

É fundamental ajustar a quantidade de ração fornecida de acordo com a biomassa dos peixes, realizando biometrias regulares para adequar a alimentação ao crescimento do plantel.

Qualidade da água

A manutenção da qualidade da água é essencial para o sucesso na criação de tilápias. Os principais parâmetros a serem monitorados incluem:

  • Temperatura: Ideal entre 25°C e 30°C
  • pH: Entre 6,5 e 8,5
  • Oxigênio dissolvido: Mínimo de 4 mg/L
  • Amônia: Níveis abaixo de 0,5 mg/L

O monitoramento regular desses parâmetros, aliado a práticas como aeração adequada, renovação parcial da água quando necessário e manejo correto da alimentação, é fundamental para manter um ambiente saudável para os peixes. 

A utilização de probióticos e a manutenção de uma relação adequada entre a biomassa de peixes e o volume de água também contribuem para a estabilidade do sistema.

Prevenção e controle de doenças

A prevenção de doenças é crucial na criação de tilápias. As principais medidas preventivas incluem a manutenção da qualidade da água, alimentação adequada, densidade de estocagem correta e higiene nos equipamentos e instalações. 

A quarentena de novos lotes de peixes é essencial para evitar a introdução de patógenos. O uso de probióticos pode fortalecer o sistema imunológico dos peixes, aumentando sua resistência a doenças.

Algumas das doenças mais comuns em tilápias incluem as infecções bacterianas, como a estreptococose, e parasitoses, como as causadas por monogenéticos. A identificação precoce de sinais como perda de apetite, natação errática ou lesões na pele é fundamental para o controle efetivo. 

Em caso de suspeita de doença, é importante isolar os peixes afetados e buscar orientação de um profissional especializado para diagnóstico e tratamento adequados.

Manejo e boas práticas na criação de tilápias

Foto: Adobe Stock

O manejo adequado inclui manter uma densidade de estocagem apropriada, realizar o controle rigoroso da qualidade da água, efetuar a manutenção regular dos equipamentos e gerenciar corretamente os resíduos da produção. 

A implementação de boas práticas de manejo não apenas melhora a produtividade, mas também contribui para a sustentabilidade da atividade.

Densidade de estocagem

A densidade de estocagem é um fator crítico na criação de tilápias, influenciando diretamente no crescimento, saúde dos peixes e qualidade da água. A densidade ideal varia de acordo com o sistema de criação utilizado:

  • Em tanques escavados: 1 a 3 peixes por metros quadrados;
  • Em tanques-rede: 80 a 120 peixes por metros cúbico;
  • Em sistemas de recirculação: até 300 peixes por metro cúbico.

É importante ajustar a densidade ao longo do ciclo de produção, considerando o crescimento dos peixes. 

Uma densidade muito alta pode levar ao estresse, redução no crescimento e aumento da suscetibilidade a doenças, enquanto uma densidade muito baixa pode resultar em subutilização do espaço e redução da eficiência econômica.

Monitoramento constante

O monitoramento constante é fundamental para o sucesso na criação de tilápias. Isso inclui a realização regular de biometrias para acompanhar o crescimento dos peixes, ajustando a alimentação e a densidade de estocagem conforme necessário. 

O controle diário dos parâmetros de qualidade da água, como temperatura, oxigênio dissolvido e pH, permite identificar e corrigir problemas rapidamente.

Além disso, é importante manter registros detalhados de todas as atividades, incluindo alimentação, tratamentos realizados e mortalidade. Esses dados são valiosos para a tomada de decisões e para o aprimoramento contínuo do manejo. 

A observação do comportamento dos peixes também é crucial, pois mudanças no padrão de alimentação ou natação podem ser indicativos precoces de problemas de saúde ou qualidade da água.

A criação de tilápias, quando realizada com planejamento adequado e seguindo as melhores práticas de manejo, pode ser uma atividade altamente rentável e sustentável. 

Com o crescente mercado para pescados e o potencial da tilápia como fonte de proteína de qualidade, os produtores que investirem nessa atividade estarão bem posicionados para aproveitar as oportunidades do setor aquícola brasileiro.

*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão

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