Janeiro Branco: drogas, traumas e relações instáveis podem ser causas de doenças

Janeiro Branco: um mês inteiro separado para falar sobre as doenças que acometem a mente. Ainda cercada de preconceitos, especialistas explicam causas, sintomas e tratamentos. A série do ES HOJE já falou sobre ansiedade e depressão, agora é o momento de abordar Transtorno afetivo bipolar, Borderline e Esquizofrenia.

Impulsividade, desconexão com a realidade, medo de abandono, fúria e tristeza profunda. Doenças que podem ser causadas por traumas mas também ocorrem por componentes genéticos. Entenda as diferenças e como tratar. 

O psicólogo Matheus PsyLink conta que é comum confundirem o Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) com o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB) devido ao fato de que ambos se caracterizam pela instabilidade emocional, no quesito de alterações de humor, mas ele esclarece. 

“O OTAB é caracterizado por episódios bem definidos de mania/hipomania e depressão maior que duram semanas ou meses, as mudanças de humor do TAB não são relativas a eventos externos enquanto no TPB, o humor é mais reativo a situações imediatas e as crises geralmente são desencadeadas por algum evento externo, diferente do bipolar, as mudanças emocionais do borderline são intensas e rápidas, podendo ocorrer dentro de horas ou dias”, explicou.

Janeiro Branco: drogas, traumas e relações instáveis podem ser causas de doenças

Transtorno Afetivo Bipolar x Transtorno de Personalidade Borderline 

Matheus Abreu Roelke destaca que pessoas com Transtorno Afetivo Bipolar costumam demonstrar comportamento impulsivo mais restrito aos episódios de mania/hipomania, e seus relacionamentos.“Essas pessoas acabam sendo impulsividade. Apesar de serem afetadas pelos episódios, elas costumam ser estáveis quando estão fora dos episódios”. 

Matheus Roelke relata explica ainda que pessoas com o Transtorno de Personalidade Borderline apresentam um comportamento impulsivo mais constante, que não se restringe a períodos específicos. 

“Seus relacionamentos costumam ser caóticos, instáveis e marcados por um padrão de amor e ódio, além disso, são acompanhados por um grande medo de abandono, que os leva a mais comportamentos desesperados na tentativa de evitar de perder alguém”, diferenciou.

Esquizofrenia

O psicólogo breve focal conta que a conta que a esquizofrenia é um transtorno mental crônico e severo, caracterizado por uma desconexão com a realidade, tal desconexão se manifesta na forma de como a pessoa pensa, sente e se comporta, resultando em dificuldades no funcionamento diário.

“Pessoas com este transtorno manifestam os sintomas de delírios como crenças falsas, alucinações como experiências sensoriais sem estímulos reais, como ver e ouvir coisas e um pensamentos desorganizados que resultam em falas e comportamentos que não fazem sentido no contexto”, mencionou.

Possíveis causas 

Sobre as causas, tanto a Esquizofrenia quanto o Transtorno Afetivo Bipolar possuem forte componente genético, com componentes ambientais (como traumas, estressores e uso de drogas) agindo como gatilhos para crises, destacou o psicólogo.

Fernanda Almeida, autônoma de 46 anos, conta que na adolescência e juventude sofreu muito preconceito por conta do jeito. Ela relata que só aos 37 anos foi diagnosticada com Transtorno Afetivo Bipolar.

“Eu sou a filha mais velha e sempre fui mais retraída do que minhas irmãs. Na escola e principalmente em casa eu sofri muito. Eu não sabia do meu diagnóstico, consequentemente eles também não. Então muitas pessoas achavam que era algum tipo de soberba minha, ou que eu simplesmente era uma pessoa grossa”.

Ela reforça que apesar do diagnóstico de bipolaridade, ela não descobriu a raiz do problema. “A minha infância foi bem difícil, eu vim do interior, e acabei presenciando cenas de agressões em casa, mas não posso afirmar que isso foi a causa”.

Fernanda fala ainda que, apesar do tratamento, alguns dias são mais difíceis. “Eu tomo medicação e também comecei a fazer atividade física, mas tem dias que eu desisto de reuniões com a família ou amigos como aniversário, casamentos, fico um pouco irritada”.

Já no Transtorno de Personalidade Borderline, apesar da existência de evidências apontando para um fator genético, o fator mais predominante são os traumas de infância, como situações de abuso, negligência e relacionamentos instáveis. “Basicamente, em seus respectivos graus, podemos dizer que as causas são uma interação gene-ambiente”.

Diagnóstico

Segundo o psicólogo, o diagnóstico desses transtornos são embasados em manuais da medicina, destacando-se o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição) e o CID-11 (11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial da Saúde).

“Quem busca ser diagnosticado deve procurar um médico, idealmente um psiquiatra, que vai realizar uma avaliação clínica detalhada baseada na literatura citada acima, e caso necessário, solicitar exames complementares para excluir condições médicas ou neurológicas que possam mimetizar os sintomas; o paciente também pode procurar um psicólogo clínico que apesar de não poder fornecer um diagnóstico médico, pode realizar uma avaliação psicológica profunda, incluindo aplicação de testes psicológicos”, frisou. .

Tratamento

Matheus Roelke pontua que todos os três transtornos são tratados farmacologicamente, sob a orientação do médico psiquiatra e com psicoterapia com o psicólogo clínico, sendo que cada transtorno vai precisar de medicamentos e focos na psicoterapia distintos.

“O apoio de familiares e o cultivo de hábitos saudáveis como sono regular e o manejo do estresse também são importantes aliados no tratamento desses transtornos”, finalizou.

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