Produtividade de soja deve superar a média em todos os estados, aponta Agroconsult

Rally da Safra

A consultoria Agroconsult estima que a safra de soja 2024/2025 tem tudo para ser a maior da história. As previsões apontam para uma produção de 172,4 milhões de toneladas da oleaginosa, um aumento de 10,9% em relação ao ciclo 2023/2024 e 6,2% superior ao recorde de 2022/23. A área plantada pode alcançar a marca recorde de 47,5 milhão de hectares (ha), 700 mil a mais que no ciclo passado.

André Debastiani, sócio da Agroconsult, disse em coletiva de imprensa que a maior parte desse crescimento deve ocorrer em função da migração de área de milho verão para a soja, que possui custos de produção mais baixos. Além disso, a boa condição de plantio também contribuiu com a expectativa de safra recorde.

“O início do plantio, de fato, atrasou um pouco. Mas quando chegou no final de outubro, novembro, a chuva se regularizou e conseguiu recuperar o que havia perdido. Alguns estados, como Mato Grosso do Sul e Paraná, tiveram um plantio mais rápido do que anos anteriores. O Piauí foi um estado que, de fato, teve um atraso muito grande em termos de implantação”, comenta.

Debastiani ressalta que, em geral, as condições climáticas são muito boas para os próximos meses, mas o excesso de chuva também pode trazer pontos negativos, como alongamento do ciclo das lavouras e atraso da colheita, abertura das vagens e germinação de grãos, dificuldade de transporte e secagem de armazéns e atraso na implantação das lavouras de segunda safra.

Produtividade acima da média em todos os estados

O estudo da Agroconsult estima uma produtividade média de 60,5 sacas por hectare nesta safra, contra 55,4 no ciclo anterior. O levantamento mostra que todos os estados brasileiros terão produtividades acima da média na safra 2024/2025 e os dividem em ótimo, bom ou regular potencial produtivo.

Como ótimo, os destaques são:

  • Mato Grosso: 63,0 sacas/ha
  • Goiás: 65,5 sacas/ha
  • Bahia: 67,0 sacas/ha
  • Minas Gerais: 66,0 sacas/ha
  • São Paulo: 64,5 sacas/ha
  • Tocantins: 58,0 sacas/ha

Como bom, são:

  • Paraná: 63,0 sacas/ha
  • Piauí: 60,0 sacas/ha
  • Rondônia: 59,0 sacas/ha

Como regular, são:

  • Rio Grande do Sul: 49,5 sacas/ha, segunda quinzena de novembro com chuvas abaixo na média atrapalharam o desenvolvimento da safra;
  • Mato Grosso do Sul: 56,5 sacas/ha, novembro e dezembro com chuvas no limite do ideal.

Segundo o levantamento, apesar das constantes chuvas, que dificultam a operação de colheita e trazem preocupação quanto à qualidade dos grãos, Mato Grosso pode ultrapassar o recorde de 2022/2023, dependendo do desempenho das lavouras médias e tardias.

As lavouras paranaenses apresentam bom desenvolvimento, com exceção das regiões Norte e Oeste do estado, que atravessam um período de 15 a 20 dias de clima quente e seco. “[As equipes técnicas] viram lavouras, por exemplo, em Maringá sofrendo bastante agora com essa estiagem. Indo para Campo Mourão, as equipes veem uma condição um pouco melhor. Conforme chegam em Toledo, já é uma outra condição um pouquinho mais crítica também’, detalha Debastiani.

No Piauí, houve demora na regularização das chuvas para o plantio, mas durante o progresso da safra, as condições melhoraram e o clima quente beneficiou as lavouras. “E Rondônia também está entre os estados que já tiveram um pouco de perdas de produtividade em função da condição inicial de desenvolvimento”, explica o sócio da Agroconsult.

No Rio Grande do Sul, o estabelecimento das lavouras ocorreu em um período de boa umidade, porém o estado vem passando por estiagem e altas temperaturas, que afetam especialmente a região das Missões e a metade Sul do estado. Caso não haja regularização das chuvas, poderão ocorrer mais perdas.

No Mato Grosso do Sul, o plantio também começou bem, porém a região sul do estado é afetada pela estiagem que já retirou produtividade das lavouras. 

Rally da Safra

As estimativas estão sendo averiguadas já a partir deste mês pelas equipes técnicas do Rally da Safra. Em sua 22ª edição, o projeto vai a campo de janeiro a junho para avaliar as safras de soja e milho do país, a partir de dados quantitativos e qualitativos. Percorrendo os principais polos produtores do Brasil, a expedição também avalia a expectativa dos produtores quanto à safra de grãos, tendências de investimento, custos de produção e questões ambientais. 

No Oeste do Paraná, a equipe 1 deixou Maringá e já percorreu lavouras nas regiões de Campo Mourão, Goioerê, Palotina, Toledo e Cascavel, devendo chegar em Foz do Iguaçu no sábado, 18.  

Na região da BR-163, os técnicos da equipe 2 deixaram Cuiabá sentido Nova Mutum, visitando áreas em Lucas do Rio Verde, Sorriso, Sinop e finalizando os trabalhos no domingo, 19, em Matupá.

No Oeste de Mato Grosso, a equipe 3 avaliou a soja nas regiões de Nova Mutum, Diamantino, Campo Novo do Parecis, Sapezal e Campos de Júlio, chegando em Cuiabá no dia 20.

As duas próximas equipes irão ao sudeste de Mato Grosso, a partir de 19 de janeiro, e sudoeste de Goiás, a partir de 28 de janeiro.

Os técnicos irão percorrer mais de 80 mil km por 12 estados (MT, GO, MG, MS, PR, SC, SP, RS, MA, PI, TO e BA), que respondem por 95% da área de produção de soja e 72% da área de milho, para avaliar as condições das áreas de soja durante as fases de desenvolvimento das lavouras e de colheita até 22 de março. 

Outras seis equipes avaliarão as lavouras de milho segunda safra em maio e junho.  Técnicos da Agroconsult e das empresas patrocinadoras visitarão produtores rurais nas regiões sudeste de MT, sudoeste de GO, Planalto do RS e oeste do PR, entre abril e maio. No mesmo período serão realizados eventos técnicos em Luís Eduardo Magalhães (BA), Não-Me-Toque (RS), Rio Verde (GO) e Maringá (PR). Nesta edição, o Rally estará presente ainda nos principais eventos do agronegócio: Show Rural, em Cascavel (PR); Expodireto, em Não-Me-Toque (RS); Show Safra, em Lucas do Rio Verde (MT), e Tecnoshow Comigo, em Rio Verde (GO). O trabalho das equipes e o roteiro completo da expedição poderão ser acompanhados pelo site do projeto.

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