Censura na Índia adia estreia de Santosh, candidato ao Oscar

Santosh, uma produção indiana que chegou à lista de finalistas de longas-metragens estrangeiros do Oscar 2025, teve seu lançamento adiado na Índia (uma censura) devido a um atraso inesperado na liberação do filme pelo Conselho Central de Certificação de Filmes (CBFC) no país. Em tempo: trata-se somente de uma short list, algo como uma seleção VIP daqueles que vão concorrer a uma das cinco vagas do Oscar. Essa escolha final ainda não foi concluída, uma vez que a Academia decidiu adiar todas as datas em função dos incêndios em Los Angeles. Até o momento, o anúncio está marcado para 23 de janeiro.

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Já o atraso na liberação de Santosh, na verdade, pode ser traduzido por censura, já que a certificação está diretamente ligada ao roteiro — ou seja, o tema da história que está sendo contada. Escrito e dirigido pela cineasta Sandhya Suri, o filme esbarra em temas muito sensíveis dentro da cultura indiana e que, evidentemente, não são tolerados pelo governo. Trata-se da história de Santosh Sainiuma (Shahana Goswami), viúva que herda a posição de seu falecido marido como policial no norte rural da Índia. A partir daí, a narrativa se concentra no envolvimento de Santosh na investigação do assassinato de uma menina menor de idade, pertencente a uma comunidade de casta marginalizada. Santosh trabalha no caso ao lado de uma inspetora de polícia feminista, chamada Sharma.

A estreia de Santosh na Índia estava agendada para o dia 10 de janeiro. No entanto, a CBFC suspendeu o lançamento, alegando que a produção não havia recebido certificação nem mesmo para as filmagens. Os produtores da obra alegam censura e garantem que receberam aprovação do órgão, não somente do roteiro, mas igualmente para filmar na Índia — inclusive com recursos e incentivos de produção do governo indiano. Nesse momento, a equipe de produção aguarda um posicionamento da CBFC.

Castas indianas, assunto tabu para os governantes do país

De acordo com a revista norte-americana Variety, a questão principal diante desse imbróglio é a censura imposta pelo governo indiano. Santosh tem sua narrativa ambientada em um Estado fictício do norte da Índia, é estruturado como um filme policial, mas discute de forma explícita a relação das castas indianas e as políticas religiosas profundamente enraizadas na cultura. Há, portanto uma reflexão sobre a intolerância religiosa, o casteísmo, o preconceito e a misoginia impregnados no comportamento de boa parte dos governantes e também da população. E os líderes do país não estão dispostos a permitir que tudo isso seja mostrado na tela do cinema.

Por enquanto, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas não emitiu nenhum pronunciamento sobre o caso. Responsável pela organização e premiação do Oscar, a Academia poderá até mesmo retirar o filme Santosh da disputa. Há uma série de regras para a inclusão dos concorrentes na categoria de produções estrangeiras e uma delas é a obrigatoriedade de que o filme em questão tenha sido exibido em seu país de origem por pelo menos 30 dias.

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