Mapeamento da Ufes identifica 308 setores de risco na Serra

A Ufes, por meio do Laboratório de Geomorfologia e Gestão de Redução de Risco de Desastres (LabGR2D), está coordenando os trabalhos de execução do Plano Municipal de Redução de Riscos (PMRR) da Serra, já tendo identificado 308 setores de risco no município.

O trabalho, coordenado pelo professor Celso Goulart, do Departamento de Geografia da Ufes, é fruto de uma parceria com a Secretaria Nacional de Periferias (SNP) do Ministério das Cidades (MCID), por meio do Departamento de Mitigação e Prevenção de Risco (DPR).

O DPR convidou 16 universidades públicas para, através de cooperações técnico-científicas, atuarem em 20 diferentes cidades do país a fim de subsidiar as administrações locais em planos de redução de risco.

Os trabalhos foram iniciados em março de 2024, com previsão de conclusão em agosto deste ano. Segundo o professor Goulart, 58 bairros que estão situados em locais com urbanização consolidada e na porção central da Serra foram mapeados, entre eles Jardim da Serra, Feu Rosa, Serra Dourada, Eldorado, José de Anchieta, Central Carapina, Carapebus, Cantinho do Céu e outros.

“Foram observadas evidências de suscetibilidades dos terrenos a processos geodinâmicos sob as formas de movimentos de massas (escorregamentos de encostas, quedas/rolamentos de blocos), erosões aceleradas e processos hidrológicos (enchentes/enxurradas). Identificamos 308 setores de risco – com graduação de riscos médio, alto e muito alto –, que envolvem diversos imóveis e seus habitantes”, afirmou Goulart.

Sobre os locais com maior risco, ele considerou: “estamos  ainda em processo de revisão, especialmente após as chuvas da última semana, que não ocorriam em condições semelhantes há quase uma década, mas podemos apontar Central Carapina e o conjunto dos bairros José de Anchieta como os mais sensíveis pelo número de setores de risco, vulnerabilidade social e contingente populacional”.

O mapeamento abrangeu uma área de aproximadamente 1.500 hectares a partir de levantamento aerofotogramétrico executado com o uso de drone para elaboração de ortofotomosaicos e fotografias oblíquas.

Mapeamento da Ufes identifica 308 setores de risco na Serra
Foto: Ufes/divulgação

“Esse processo todo envolveu, em diferentes momentos, a participação das comunidades por meio de oficinas realizadas em bairros criteriosamente escolhidos segundo a sua vulnerabilidade social e exposição aos processos potencialmente danosos, para divulgação, capacitação e parceria na identificação e acessos a locais específicos no território”, disse o professor.

Instrumento de gestão

Sobre o PMRR, o professor explica que “é um instrumento de gestão que tem importante papel no conhecimento técnico dos setores de risco e da priorização das áreas para investimentos públicos e privados, com intervenções estruturais e não estruturais para redução desses riscos nas áreas urbanas, especialmente, mas não exclusivamente, junto às comunidades periféricas”.

O plano está modulado em quatro etapas: planejamento da execução; mapeamento do risco, oficinas comunitárias e oficina técnica; ações estruturais e não estruturais; e relatório final das atividades e sumário executivo. “As propostas de intervenções serão produtos do diagnóstico executado ao longo das duas primeiras etapas que foram recentemente encerradas. No momento, essas propostas estão sendo elaboradas e serão objeto de debate com as comunidades locais e a gestão pública antes da etapa final, que será a de divulgação ampla dos trabalhos”.

Ocupação residencial

Até o momento, diz o professor, “é possível notar que os setores de risco do município estão diretamente associados com as áreas de expansão da ocupação residencial, sobretudo em encostas íngremes suscetíveis a movimentos de massas, assim como nas áreas de fundo de vales nos quais são encontrados terrenos de planícies de inundação e de aterros em margens de córregos e banhados”.

A Serra é o maior e mais populoso município da Região Metropolitana de Vitória, com pouco mais de meio milhão de habitantes, distribuídos por aproximadamente 130 bairros, sendo que cerca de 80 deles são urbanos, com diferentes padrões de arranjo em função da infraestrutura e condição social da população.

A equipe da Ufes nesse projeto é formada por 14 pessoas, sendo cinco professores, três doutorandos, dois mestres, uma mestranda, três graduandas. Eventualmente participam orientandos de diferentes níveis de formação.

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