Operação Scream Fake suspende ONG envolvida com PCC e identifica novo setor da facção; cinco suspeitos são presos no Oeste Paulista


‘Setor das Reivindicações’ promovia ações judiciais com informações falsas contra agentes públicos para questionar o trabalho exercido na sociedade. Operação Scream Fake suspende ONG envolvida com PCC e identifica novo setor da facção
Polícia Civil
A Operação ‘Scream Fake’ realizada pela Polícia Civil e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado de São Paulo (MPE-SP). Os indiciados são suspeitos de envolvimento com setores da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC).
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Um homem e uma mulher foram presos em Presidente Prudente e outros três homens, atualmente custodiados nas penitenciárias de Irapuru (SP), Flórida Paulista (SP) e Presidente Venceslau (SP), também foram indiciados.
A operação é fruto de investigação há cerca de três anos e teve início a partir da tentativa da entrada de uma visitante na Penitenciária II de Presidente Venceslau com mídias externas escondidas nas roupas, que foram apreendidas e analisadas.
Com as apreensões dos cartões de memória e dos manuscritos em 2021, em conjunto com informações de inteligência e extraídas de outras investigações, foram identificados ações ilícitas na sociedade promovidas por três setores da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) denominadas Gravatas, Saúde e Financeira.
A investigação ainda revelou a existência de um novo departamento dentro da facção denominado “Setor das Reivindicações”.
“A finalidade desse setor seria o de promover ações judiciais ilegítimas, manifestações populares desvirtuadas e denúncias infundadas, para desestabilizar o sistema de justiça criminal e colocar a opinião pública contra o poder estatal”, explicou a Polícia Civil.
As ações do Setor das Reivindicações estariam sendo feitas por meio da Organização Não-Governamental (ONG) Pacto Social & Carcerário S.P – Associação de Familiares e Amigos de Reclusos, sediadas em uma comunidade em São Bernardo do Campo (SP). A As investigações apontaram que a ONG não possuía identificação ou movimentação de que funcionava normalmente.
A ONG teria sido criada por outro setor da facção, denominada Setor das Gravatas, e estaria prestando contas sobre o tráfico de drogas ao PCC.
Além disso, a cúpula da organização criminosa estaria recebendo atualizações sobre a atuação da ONG e de como ela vinha atendendo os interesses da facção através das manifestações judiciais ilegítimas e outras ações diretamente ligadas, como ataques a agentes públicos, que deveriam ser praticados por meio de represálias e acompanhas de falsas acusações de que abusos.
“De um lado, integrantes da facção atentariam contra os funcionários públicos, de outro, a ONG dissemina bravatas vazias relacionadas ao sistema penitenciário – repercutindo em última análise em uma desestabilização de todo o sistema de Justiça criminal”, pontuou.
Operação Scream Fake suspende ONG envolvida com PCC e identifica novo setor da facção
Polícia Civil
Atendimento odontológico exclusivo a presos
A Operação Scream Fake também revelou outras ações ilícitas realizadas por outros setores do PCC denominados como Gravatas, Saúde e Financeira.
Os elementos revelam que advogados vinculados ao Setor das Gravatas, que consiste em um ramo dedicado à assistência jurídica da facção, promoviam o gerenciamento do Setor da Saúde cooptando médicos e dentistas, sem qualquer vínculo com o crime organizado, para prestarem atendimentos particulares e exclusivos a detentos faccionados e custodiados na Penitenciária II de Presidente Venceslau e no Centro de Readaptação Penitenciária, unidade em que vigora o Regime Disciplinar Diferenciado.
Os envolvidos beneficiados com os atendimentos normalmente possuem relevância na estrutura piramidal da facção. O Setor da Saúde funciona como uma espécie de “plano de saúde do crime organizado”, que é muito seletivo.
“Os profissionais médicos e dentistas que acabam aderindo – ainda que inconscientemente – ao “Setor da Saúde”, passam a ser remunerados pelos serviços prestados com recursos ilícitos da organização criminosa, por meio do “Setor da Financeira ”, com valores majorados e expressivos pagos mediante depósitos não identificados, transferências bancárias originárias de contas em nome terceiros desconhecidos ou por meio de transferências realizadas diretamente pelo advogado ao profissional médico/dentista ou a clínica a ele vinculada”, explicou a Polícia Civil.
Os médicos e dentistas foram ouvidos e informaram que vários serviços eram prestados, inclusive com intervenções estéticas e cirúrgicas, muitas vezes sem qualquer conhecimento do preso/paciente sobre os valores e a forma de pagamento aos profissionais, o que apontou que os atendimentos são coordenados e executados pela facção em benefício de integrantes qualificados em funções de destaque dentro do PCC.
Desta forma, os advogados não exerciam funções pertinentes a advocacia, mas sim como integrantes da facção.
Operação Scream Fake suspende ONG envolvida com PCC e identifica novo setor da facção
Polícia Civil
Mandados de prisão
Nesta terça-feira, a Polícia Civil e o Ministério Público cumpriram 12 mandados de prisões preventivas e 14 mandados de busca e apreensão domiciliar em Presidente Prudente, Flórida Paulista, Irapuru, Presidente Venceslau, Ribeirão Preto (SP), Sorocaba (SP), Guarulhos (SP), São Paulo (SP) e Londrina (PR)
Dentre esses presos constam três advogados, apontados como integrantes da facção criminosa, a presidente e o vice-presidente da ONG.
Além disso, a ONG teve os seus serviços suspensos por ordem judicial e as suas redes sociais retiradas do ar.
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