10 discos de rap nacional que completam 10 anos em 2025

Discos de rap nacional 2015
FOTO: REPRODUÇÃO

O ano de 2015 foi um ponto de inflexão para o Brasil. Jovens estudantes insurgiram-se, ocupando escolas contra um modelo de educação excludente, enquanto o desastre da barragem de Mariana tingia o Rio Doce com a lama da negligência da Samarco. Em meio a esses eventos, o rap nacional firmava suas raízes em um terreno fértil de criação, lançando discos que, em 2025, completam 10 anos e permanecem como marcos inquestionáveis na evolução do gênero.

Dez anos atrás, o cenário do rap brasileiro era moldado por dinâmicas de mercado, tendências e interações do público bem distintas das que observamos hoje. O domínio das plataformas de streaming e a obsessão por reproduzir fórmulas prontas de sucesso ainda não haviam encapsulado a produção musical. Era uma época em que a independência artística tinha espaço para florescer com uma autenticidade quase romântica.

Mesmo diante de inúmeras barreiras, muitos artistas conseguiram furar bolhas, conectando-se a um público ávido por narrativas genuínas. As redes sociais, especialmente os grupos no Facebook, eram palcos vivos de divulgação e interação, alimentando uma cena pulsante.

Foi nesse ambiente que surgiram trabalhos como Faça A Coisa Certa, de Zudizilla; Janela, de Victor Xamã; e Da Alma ao Caos, Lama na Casa, do grupo A.L.M.A. – todos projetos que já anunciavam a profundidade e o impacto de uma nova safra de artistas.

A seguir, revisitamos dez obras fundamentais do rap nacional lançadas em 2015. Cada uma delas carrega não apenas uma sonoridade singular, mas também histórias que ajudaram a moldar os alicerces do rap contemporâneo.

Nectar Gang – Seguimos na Sombra

O Nectar Gang foi um furacão criativo que redefiniu a cena carioca, trazendo à tona a força do trio formado por BK’, CHS e Bril. O álbum reflete uma identidade única, moldada pelas ruas da Lapa e do Catete. Enquanto CHS destilava jogos de palavras, BK’ exibia uma lírica visionária, e Bril nos presenteava com narrativas ricas em detalhes.

Com faixas icônicas como “Esquinas em Guerra”, “KLG” e “Medusa”, o álbum foi mais do que um sucesso: foi um manifesto. E, ainda que tenha sido o único projeto do grupo, ele revelou o potencial avassalador de Abebe Bikila, prenunciando sua ascensão meteórica.

Rodrigo Ogi – RÁ!

Este é o ponto alto da carreira de Rodrigo Ogi. Sob a produção de Nave, o rapper paulista entrelaçou jazz, samba e rock, criando uma trilha sonora da vida urbana que pulsa como um organismo vivo. Seu domínio do storytelling transcende o simples ato de narrar; ele constrói universos.

A sequência de “Trindade” é uma obra-prima, uma janela para a caneta criativa de Ogi, reafirmando-o como um dos grandes arquitetos do rap brasileiro.

Emicida – Sobre Crianças, Quadris, Pesadelos e Lições de Casa

Mais que um disco, este álbum é um convite a repensar a herança cultural e social do país. Inspirado por uma jornada ao continente africano, Emicida nos leva a um diálogo entre passado e futuro. É um trabalho que expande as fronteiras do rap, conectando-o à música popular e criando pontes com públicos diversos.

Ao explorar ritmos e narrativas, Emicida fez dessa obra uma possibilidade de reafirmação sobre a universalidade do rap enquanto ferramenta de transformação e mutação sonora.

Black Alien – Babylon by Gus Vol II: No Princípio Era o Verbo

Este álbum é, acima de tudo, uma celebração do renascimento. Após 11 anos de silêncio, Gustavo Ribeiro emergiu transformado, canalizando suas batalhas internas em um disco visceral.

Mantendo sua essência ácida e romântica, Black Alien entrega flows versáteis e letras que transbordam autenticidade. Como escreveu Danilo Cruz, do Oganpazan, o artista abandonou a pretensão de criar outro clássico, mostrando que ele próprio é o clássico.

5. Vandal – TipolazVegazh

Vandal foi um visionário. Em 2015, ele já integrava elementos de grime e drill ao seu rap, muito antes dessas influências se popularizarem no Brasil.

TipolazVegazh é um retrato fiel da complexidade e do caos que moldam a vivência e potência musical de Vandal. Há dez anos – e até hoje – o rapper baiano entrega um trabalho coeso e inovador, que ecoa possibilidades infinitas.

6. Um Barril de Rap – 2ª Via

O dream team de Brasília formado por Froid, Sampa, Yank e Disstinto produziu uma das obras mais autênticas do rap brasileiro. Com flows melódicos e rimas introspectivas, o grupo condensou suas experiências em um álbum que dialoga com sonhos, frustrações e crenças de uma forma singular.

O grupo teve dois discos lançados em 2015: CD dos Menino e 2ª Via, sendo esse segundo o responsável por levar o nome daqueles jovens de Brasília para todo o país. Um testemunho da sintonia perfeita entre os membros do grupo e um verdadeiro clássico de sua geração.

7. Rico Dalasam – Modo Diverso

Um marco no movimento queer rap no Brasil, Modo Diverso transcende sua proposta inicial de representatividade. En 2015, Rico Dalasam criou um EP universal, que ecoa emoções compartilhadas e carrega a força da liberdade em cada batida.

O cruzamento de funk carioca e música eletrônica no disco reflete um movimento de afirmação e renovação cultural.

8. Sant – O Que Separa os Homens dos Meninos

A estreia de Sant é um mergulho poético em emoções intensas e beats arrebatadores. Aos 21 anos, o jovem rapper mostrou maturidade lírica e conquistou o respeito imediato da cena.

Combinando ódio, emoção e poesia, o EP O Que Separa os Homens dos Meninos se tornou um clássico instantâneo e um prelúdio promissor de sua trajetória.

9. Filipe Ret – Revel

Revel é a síntese da liberdade criativa de Filipe Ret. Inspirado por referências internacionais e pelo melody dos anos 1990, o disco é uma afirmação de sua ousadia artística.

Entre polêmicas e inovação, em 2015, Ret entregou um disco que transcende o rap tradicional e solidificou sua relevância dentro da cena.

10. Costa Gold – .155

Costa Gold sempre polarizou opiniões, mas com .155 conquistou algo raro: a unanimidade. O álbum equilibra flows impactantes e letras afiadas, com faixas memoráveis como “N.A.D.A.B.O.M. 2”, que uniu Don L e Luccas Carlos em um hit atemporal. Ali o grupo apostava em hits, conseguindo entregar uma boa coesão em 11 faixas.

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