Caso Tupac: acusado de assassinar rapper tenta anular processo

Em uma nova solicitação protocolada na última segunda-feira (6), Duane Davis, conhecido como Keefe D, ex-integrante de gangue acusado de ser o responsável pela morte do rapper Tupac Shakur, argumenta que seus direitos constitucionais foram comprometidos devido a um atraso “injustificável” na condução do caso.

Esse atraso teria provocado o “desgaste de memórias, morte ou desaparecimento de testemunhas, além da perda ou destruição de provas materiais relevantes”. Segundo a ABC News, o advogado do réu afirma que as autoridades policiais de Las Vegas já possuíam as informações pertinentes ao caso desde 2009 e essa demora para acusá-lo teria prejudicado de maneira “irreparável” o direito de seu cliente a um julgamento justo.

A defesa também aponta que a promotoria não apresenta evidências concretas além do próprio testemunho de Keefe D, devido ao falecimento ou prisão de outros envolvidos no caso, como Suge Knight, cofundador da Death Row Records, e o ex-rival de Tupac, o empresário Diddy, que Keefe chegou a alegar ter ordenado o homicídio.

Alegações da defesa

Em 2008, o ex-membro dos Crips de Compton admitiu aos detetives ter participado do crime ocorrido na Las Vegas Strip, pouco depois de uma luta de Mike Tyson, em setembro de 1996. Os advogados afirmam que essa confissão foi realizada no âmbito de um acordo de colaboração, o que impediria seu uso contra ele em um tribunal, e que esse acordo deveria permanecer válido:

“O estado de Nevada dispunha, desde 2009, de informações que levaram à prisão de Duane Davis em 2023, incluindo sua suposta declaração de que estava no Cadillac branco e entregou a arma aos ocupantes do banco traseiro, que a utilizaram para atirar em Tupac Shakur. Agora, é imperativo que a promotoria cumpra o acordo de colaboração estabelecido em 2008 e a promessa do Departamento de Polícia Metropolitana de Las Vegas de não processar o Sr. Davis.”

As autoridades policiais de Las Vegas, contudo, refutam essa versão, alegando que nunca foi garantida a Keefe D a não execução de sua prisão, e que ele reiterou suas alegações relacionadas ao assassinato de Tupac em diversas ocasiões ao longo dos anos.

Uma audiência para discutir o pedido de anulação da acusação está marcada para 21 de janeiro. O julgamento, por sua vez, está previsto para ter início em 17 de março.

Caso Tupac

Keefe D voltou a ser destaque após a sua detenção em setembro de 2024 sob a suspeita de envolvimento no assassinato de Tupac Shakur em 1996. A prisão reviveu imediatamente um dos casos mais emblemáticos e controversos da música e das investigações criminais.

A prisão de Keefe D inaugurou um novo capítulo em um caso que, por muito tempo, permaneceu cercado de mistério e especulações. Desde 1996, o assassinato de Tupac gerou diversas teorias conspiratórias e produções documentais, mas a verdadeira identidade dos culpados nunca foi completamente esclarecida.

O ex-detetive da polícia de Los Angeles Greg Kading, que dedicou anos ao caso do rapper, destacou que a prisão de Keefe D demorou a acontecer e não deveria ser considerada como um mistério não resolvido. Para ele, tratava-se de um caso pendente no âmbito judicial, e não de investigação inconclusiva. Kading também observou que Keefe D é o último sobrevivente entre os envolvidos na conspiração para matar Tupac.

A detenção do ex-membro de gangue aconteceu após a polícia de Las Vegas executar um mandado de busca na residência da esposa de Davis anteriormente. Os documentos indicaram que as autoridades procuravam itens ligados ao assassinato de Tupac Shakur. Durante a operação, foram apreendidos computadores, um telefone celular, um disco rígido, projéteis calibre .40 e recipientes contendo fotografias.

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