Gás da Rússia via Ucrânia para Europa tem fornecimento interrompido pela 1ª vez desde 1991

Imagem de arquivo de um posto de gasolina na cidade ucraniana de Boyarka, 22 de abril de 2015Genya Savilov

O trânsito de gás da Rússia para a Europa via Ucrânia foi interrompido na quarta-feira, disseram Moscovo e Kiev, encerrando um acordo de décadas e marcando a mais recente consequência da guerra entre os dois países vizinhos.

O gás russo tem sido fornecido à Europa por meio de gasodutos que cruzam a Ucrânia desde o fim da União Soviética, em 1991, em um arranjo que gerava receitas para Moscovo pelo gás e para Kiev pelas taxas de trânsito.

O mais recente contrato de trânsito expirou na quarta-feira, com a Ucrânia optando por não renovar o acordo após a invasão da Rússia em 2022.

O gás russo representou menos de 10% das importações de gás da União Europeia em 2023 – uma queda de mais de 40% antes da guerra.

No entanto, alguns membros da UE, principalmente no leste, ainda dependem fortemente do gás russo por razões geográficas e políticas.

“Nós paramos o trânsito de gás russo”, disse o ministro de Energia da Ucrânia, German Galushchenko, em um comunicado, chamando-o de “um evento histórico.”

“A Rússia está perdendo seus mercados, ela sofrerá perdas financeiras”, acrescentou.

A gigante energética russa Gazprom disse, em outro comunicado, que “o gás russo não tem sido fornecido para trânsito via Ucrânia desde as 8h00 (05h00 GMT)”.

Ela afirmou que perdeu o “direito técnico e legal” de transportar seu gás através da Ucrânia para a Europa.

Os preços do gás natural na Europa subiram para mais de 50 euros (51,78 dólares) por megawatt-hora pela primeira vez em mais de um ano, na terça-feira, à medida que compradores no leste da Europa se preparavam para a interrupção no fornecimento.

Os membros da UE e da OTAN, Hungria e Eslováquia, mantiveram laços estreitos com o Kremlin apesar da invasão.

A interrupção do trânsito de gás russo pela Ucrânia forçará alguns países a recorrerem mais profundamente a suas reservas e buscar mais importações de gás natural liquefeito (GNL).

No entanto, a Hungria deverá ser amplamente afetada pela medida, pois recebe a maior parte de seu gás russo via o gasoduto do Mar Negro, uma rota alternativa que desvia da Ucrânia passando pela Turquia e atravessando os Bálcãs.

Bruxelas minimizou o impacto que a perda do fornecimento de gás russo terá sobre o bloco de 27 membros.

“A Comissão tem trabalhado há mais de um ano especificamente na preparação para um cenário sem o gás russo transitando pela Ucrânia”, disse ela à AFP na terça-feira.

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