Advogado de Mauro Cid dá declarações contraditórias sobre depoimento do tenente-coronel ao STF


Cezar Bittencourt, falou nesta sexta-feira (22) ao Estúdio I, da GloboNews. Cid é um dos indiciados da Polícia Federal nas investigações sobre tentativa de golpe em 2022. Gonet deve decidir sobre denúncia contra investigados por tentativa de golpe na volta do recesso do Judiciário, ano que vem
Em uma entrevista à Globonews, o advogado do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Mauro Cid, deu declarações contraditórias sobre o depoimento do cliente dele ao STF. Cid é um dos indiciados da Polícia Federal nas investigações sobre tentativa de golpe em 2022.
O relatório da Polícia Federal com o resultado das investigações sobre o inquérito vai ser enviado para Procuradoria Geral da República na semana que vem.
A princípio, o procurador Paulo Gonet tem 15 dias para decidir se faz a denúncia. Ele pode pedir mais tempo para sejam realizadas novas investigações. Paulo Gonet já sinalizou a assessores que será cuidadoso na análise do material, o que significa que a decisão sobre uma eventual denúncia, uma acusação formal contra os investigados, pode ficar para o ano que vem.
O inquérito da Polícia Federal indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional General da Reserva Augusto Heleno, o ex-ministro da Defesa e da Casa Civil General Braga Netto, que também foi candidato a vice na chapa derrotada de Bolsonaro à reeleição, e outras 34 pessoas. Entre elas, o tenente-coronel Mauro Cid, então ajudante de ordens de Bolsonaro.
Todos indiciados por crimes como organização criminosa, tentativa de golpe de estado e abolição violenta do estado democrático de direito.
Gonet deve decidir sobre denúncia contra investigados por tentativa de golpe na volta do recesso do Judiciário, ano que vem
O advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, falou nesta sexta-feira (22) ao Estúdio I, da GloboNews. Bittencourt deu declarações contraditórias sobre o depoimento do cliente ao ministro Alexandre de Moraes, na quinta-feira (21), no Supremo Tribunal Federal. Primeiro, o advogado disse que Mauro Cid confirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro sabia do plano para executar o próprio ministro, o presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin.
Na entrevista à jornalista Andréia Sadi, o advogado Cezar Bittencourt afirmou que Mauro Cid também confirmou que Bolsonaro era o líder dos planos golpistas.
Sadi: Chamado ontem a falar para o ministro Moraes, ele confirmou que Bolsonaro sabia desse plano de golpe de estado?
Cezar Bittencourt: Confirmou, sim. Na verdade, o Cid tem uma linha de pensamento. A versão verdadeira dos fatos. Não tem interesse nenhum que não seja responder àquilo que a Justiça está pedindo. Ele participou como assessor, verificou e indicou, inclusive, o seu chefe, que teria a liderança desses fatos.
Sadi: E o que o Mauro Cid diz sobre o plano de execução contra Lula, Alckmin e Moraes? Ele confirma que Bolsonaro sabia também?
Cezar Bittencourt: Confirma que sabia, sim. Na verdade, o presidente, então, sabia tudo, aliás, comandava essa organização, tanto que ele acabou denunciado pela denúncia do Ministério Público por esses fatos.
A entrevista foi interrompida por cerca de 11 minutos por conta de um problema técnico no celular do advogado. Na volta, Cezar Bittencourt afirmou que precisava fazer uma retificação.
“Agora, uma coisa importante que eu tenho que retificar, parece que saiu uma coisa errada aí. Eu não disse que o Bolsonaro sabia de tudo. Até porque o “tudo” é muita coisa, né. Alguma coisa evidentemente ele tinha conhecimento, mas o que é o plano? O plano tem um desenvolvimento muito grande. De golpe de estado eu não sei, eu nem sei se estava em curso. O que eu sei é que havia uma turbulência, digamos, da senhora administrativa, no governo, nas possibilidades do governo, esse negócio… Claro que ele tinha conhecimento, tinha conhecimento. Agora, não era um plano de golpe. Que tipo de golpe? Isso eu não sei. Não sei que tipo de golpe poderia ser. Agora, tinha o interesse no acontecimento do que estava acontecendo naqueles dias, o presidente sabia”, afirma.
Após o intervalo, Cezar Bittencourt também voltou atrás na afirmação sobre o plano de assassinato. Desmentiu o que tinha acabado de afirmar. Disse que esse assunto não foi tratado no depoimento de quinta-feira (21).
“Não falei em plano de morte, em plano de execução, execução como sendo coisa de morte. Execução do plano pensado. Eu não lembro disso. Esse tipo de coisa não foi respondido, não foi perguntado, não lembro de falar de assassinato de ministro, de coisa do gênero, não. Acho que esse negócio não rolou ontem, não. Tá bom?”, declara o advogado.
Advogado de Mauro Cid, Cezar Bittencourt, em uma entrevista à Globonews
Reprodução/TV Globo
Mauro Cid fechou acordo de colaboração premiada e já prestou diversos depoimentos à Polícia Federal. O depoimento de quinta-feira (21) ocorreu porque investigadores apontaram contradições e omissões relacionadas a mensagens trocadas com militares da reserva sobre os supostos planos golpistas em 2022.
Depois desse depoimento, a delação de Mauro Cid foi mantida. De acordo com investigadores, o tenente-coronel deu novas informações e confirmou depoimentos anteriores.
Fontes ligadas à investigação, consultadas pela TV Globo, não confirmam que Mauro Cid tenha falado que Bolsonaro sabia do plano para matar o presidente Lula, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Mas investigadores da PF afirmam que o inquérito reúne elementos que apontam que Bolsonaro sabia, sim, dos planos golpistas. E Mauro Cid pode ser chamado a depor novamente.
Mauro Cid prestou depoimento na quinta-feira (21)
Reprodução/TV Globo
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