Inebriado pelo poder: Historiadora encontra busto de Calígula

Uma escultura milenar do imperador romano Calígula, que estava desaparecida há 200 anos, foi encontrada pela historiadora Silvia Davoli, da Universidade de Oxford, na Inglaterra. Ela fazia buscas pelo objeto há uma década.

“A descoberta do busto de Calígula é um acontecimento emocionante”, declarou ao Daily Mail a pesquisadora, que é curadora da Strawberry Hill House, em Londres.
Em 1842, o busto, que pertencia ao acervo do político e escritor inglês Horace Walpole, foi vendido juntamente com uma coleção de objetos. Agora, ele ficará exposto na Strawberry Hill House.
Calígula foi um dos mais famosos imperadores da Roma Antiga. Filho de uma importante liderança da época, o general Germanicus, ele assumiu o poder com apenas 24 anos, após a morte do imperador Tibério.
Há muitas controvérsias em torno da figura de Calígula.De acordo com Anthony A. Barrett, professor anglo-canadense autor de livros sobre Calígula, ele, de fato, “foi um imperador terrível”.
Após fazer um governo descrito como inicialmente ponderado, Calígula teria mudado seu comportamento com o passar do tempo e adotado medidas brutais e aterradoras.
Para alguns historiadores, a alteração comportamental seria consequência de problemas mentais, uma interpretação que não é consensual entre especialistas.
Barett sustenta em seu livro “Calígula: The Abuse of Power” (“Calígula: O Abuso do Poder”, em tradução livre) que a imaturidade e despreparo para o cargo levaram o imperador a agir de forma irracional.
Calígula teria promovido gastos desproporcionais com empreitadas militares e tomado atitudes monstruosas, como mandar matar a própria esposa e também seu primo e filho adotivo Tibério Gêmelo.

A ideia disseminada de que Calígula era louco nasceu das práticas tirânicas e brutais que cometia, como sacrificar animais por esporte e determinar assassinatos por razões banais.

Nos relatos de Suetônio em “A Vida dos 12 Césares”, logo nos primeiros meses do império de Calígula “mais de 170 mil vítimas foram mortas em sacrifício”.
Inebriado pelo poder, Calígula teria se autodeclarado um Deus vivo e até surgido em público vestido como figuras do Olimpo mítico da Grécia, como Apolo e Mercúrio.
Outra característica muito sublinhada nas descrições a respeito de Calígula era o seu gosto por orgias públicas. O imperador teria mantido relações até mesmo com as irmãs Julia Livilla e Agripina.
Um episódio lendário do curto império de Calígula foi a nomeação de Incitatus (Impetuoso) para cônsul da Bitínia. A medida teria sido adotada para demonstrar o desprezo do tirano pelas instituições romanas, como o Senado.
Calígula foi retratado sem atenuantes no cinema em 1979, em filme com direção de Tinto Brass e o ator Malcolm McDowell (“Laranja Mecânica”) no papel do imperador.
A trama retrata os quatro anos do império de Calígula (37 a 41 d.C) em cenas explícitas e forte carga de violência.
Segundo registros históricos, Calígula foi assassinado a facadas por um grupo de guardas em 24 de janeiro do ano 41 d.C., sendo sucedido no poder romano por seu tio Claudio, ex-cônsul e senador.
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