Igreja da Matriz de Salto de Pirapora entra em obras após ficar mais de 2 anos interditada por risco de desabamento


Trabalhos atendem decisão da Justiça, que deu prazo de 30 dias para o início das obras. Trincas e rachaduras são visíveis tanto na parte interna quanto na parte externa da igreja, que tem mais de 70 anos. Origem do problema foi a rede de distribuição de água da Sabesp. Obras para reparo de igreja matriz de Salto de Pirapora (SP) já começaram
Jornal da Cidade Salto de Pirapora/Cortesia
Começaram os reparos na Igreja Matriz de Salto de Pirapora (SP), que está interditada há mais de dois anos após o aparecimento de trincas e rachaduras. O início das obras foi confirmado pela paróquia nesta segunda-feira (12).
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A medida atende uma decisão da Justiça, que condenou a Arquidiocese de Sorocaba e a Sabesp a repararem o prédio. Conforme laudos anexados ao processo do caso, havia o risco de desabamento no local. A origem do problema foi a rede de distribuição de água da Sabesp.
Conforme o pároco José Edmilson Silva, no momento, foi dado inicio às obras de contenção. Da rua, já é possível verificar a movimentação para reparo no local.
Faixa na porta principal da Igreja Matriz de Salto de Pirapora (SP) destaca problema que motivou fechamento do templo
Marcel Scinocca/g1
A Sabesp foi questionada pelo g1 sobre detalhes dos trabalhos, mas nao se manifestou até a publicação da reportagem.
Decisão da Justiça
As obras atendem decisão da Justiça de junho deste ano, que determinou que a Sabesp e a Arquidiocese de Sorocaba realizem obras de manutenção na Igreja Matriz. Há, inclusive, a previsão de multa em caso de descumprimento. A ação é movida pela prefeitura.
O juiz Lucas Vilar Geraldi considerou os riscos de dano e desabamento do imóvel que, conforme afirmado no decorrer da sentença, constitui patrimônio histórico e cultural da cidade.
Trincas e rachaduras estão presentes em vários pontos de igreja interditada em Salto de Pirapora (SP)
Marcel Scinocca/g1
Ele ainda levou em consideração a alarmante situação do templo. Assim, determinou que a arquidiocese a a Sabesp iniciem, imediatamente, as obras emergenciais necessárias para reforço da fundação da igreja e demais medidas que se fizerem necessárias, a fim de evitar desmoronamento do imóvel.
O prazo para esses reparos emergenciais era de 30 dias, sob pena de multa diária por descumprimento após encerrado o prazo, no valor de R$ 10 mil, limitados, inicialmente, a R$ 200 mil.
Conforme o Ministério Público, em abril deste ano houve audiência para tentativa de conciliação, mas após sucessivas prorrogações, a minuta de acordo foi juntada à ação sem a assinatura das autoridades competentes. Isso levou a promotoria a pedir o julgamento imediato do processo.
“Liminar determinando a execução de reparos urgentes já havia sido concedida anteriormente, mas foi cassada após recursos interpostos pelas rés. A decisão mais recente foi publicada nos autos após apelação assinada pelo procurador de Justiça Luiz Antônio de Souza”, diz a instituição.
Empenhando esforços
À época, a Prefeitura de Salto de Pirapora, disse que “desde que tomou ciência dos fatos relativos à obra necessária na igreja matriz da cidade (em 2021), vem empenhando esforços para que a situação se normalize e a população volte a utilizar o templo em sua totalidade.”
A Arquidiocese de Sorocaba divulgou material sobre o assunto. No documento, lembra que, ao perceber os primeiros sinais, a própria igreja comunicou a Prefeitura de Salto de Pirapora.
“Portanto, a Igreja nunca escondeu o fato e, desde o primeiro momento, se preocupou com a segurança dos seus fiéis e levou o fato ao conhecimento do município, para que este adotasse as medidas pertinentes, especialmente frente à Sabesp.”
A Sabesp informou em junho que, desde 2022, esteve em tratativas conciliatórias com a Arquidiocese de Sorocaba. “A solução consensual extrajudicial foi paralisada em função de uma ação civil pública ajuizada pela Prefeitura. Agora, diante da sentença proferida, a Sabesp tomará as medidas judiciais cabíveis e manifesta o desejo de dar continuidade às tratativas para tentar uma solução consensual.”
Entenda o caso
Igreja Matriz de Salto de Pirapora está interditada e com risco de desabar
A igreja está fechada há mais de dois anos. A matriz, dedicada a São João Batista, foi interditada em função do aparecimento de trincas e rachaduras em quase toda a sua extensão. Conforme laudos anexados ao processo judicial do caso, há risco de desabamento no local.
As rachaduras são visíveis tanto na parte interna, quanto na parte externa da igreja, que tem mais de 70 anos. Obras importantes do altar estão comprometidas. Nem a Capela do Santíssimo ficou imune às trincas, que afetaram também a casa paroquial, o auditório e até as salas onde eram realizadas catequeses.
Trincas são visíveis em vários pontos da Igreja Matriz de Salto de Pirapora (SP)
Marcel Scinocca/g1
Com isso, a matriz de Salto de Pirapora deixou de realizar eventos como batizados, casamentos e as tradicionais missas. Os encontros foram transferidos para as 13 comunidades espalhadas pelo município.
O problema está estampado na porta principal da igreja, onde há uma placa que fala sobre o fechamento da igreja – inclusive, ela menciona que a responsabilidade do caso é da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).
“Prédio da Igreja Matriz fechado desde janeiro de 2022. Causa: vazamento águas Sabesp. Processo no Ministério Público”, diz a mensagem.
A origem do problema está na rede de distribuição de água da Sabesp, que fica em um boulevard ao lado da igreja, cerca de sete metros abaixo do calçamento, que passa pela região da igreja.
Ao longo do processo há pelo menos 70 menções sobre a possibilidade de desabamento da igreja. Inclusive, há a citação de que, em junho de 2023, a Defesa Civil fez uma nova vistoria no local, “constatando que houve séria progressão nas patologias do imóvel, em especial aumento significativo na espessura das trincas, do que se conclui que a estrutura não está estabilizada e o risco de desabamento vem aumentando”.
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