Camila Valadão propõe mudanças no Código de Ética da Ales para proteger mulheres na política

No dia em que o Brasil lembra sete anos do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, a deputada estadual Camila Valadão (PSOL) protocolou um Projeto de Resolução na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) para incluir no Código de Ética e Decoro Parlamentar regras que vão combater e responsabilizar a prática de violência política de gênero e raça por parte de parlamentares contra deputadas estaduais e suas assessoras.

A proposta, construída em parceria com a Rede A Ponte, o Observatório Nacional da Mulher na Política, o Mulheres Negras Decidem e o Instituto “E Se Fosse Você?”, define como infração ética atos de assédio, constrangimento, humilhação, perseguição ou ameaça contra deputadas e suas assessorias, quando motivados por menosprezo à condição de mulher, identidade de gênero, sexualidade, cor, raça ou etnia. Com isso, parlamentares que cometerem esse tipo de violência poderão ser responsabilizados.

Segundo Camila Valadão, a iniciativa é um passo importante para enfrentar um problema estrutural que afasta mulheres negras e grupos historicamente excluídos da política.

“Não seremos interrompidas! A violência política de gênero e raça é um obstáculo para a plena participação de mulheres na política, por causa da intimidação sistemática que busca nos silenciar”, declara a parlamentar.

A deputada, que já foi vítima desse tipo de violência, lembra que as mulheres na política enfrentam um ambiente hostil, com ameaças online e agressões verbais e institucionais, que ferem sua dignidade e legitimidade.

Com a aprovação do projeto, a Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo se tornará agente de combate e terá mecanismos para responsabilizar deputados que cometerem ações desse tipo.

“A violência política contra mulheres passará a ser considerada um ato incompatível com a ética e o decoro parlamentar. Esse tipo de violência não pode mais ser tolerada. Nossa luta é por uma política que verdadeiramente inclua todas as vozes”, afirmou a parlamentar.

Legado e resistência
O dia 14 de março foi instituído no Espírito Santo como o Dia Estadual de Enfrentamento à Violência Política contra Mulheres Negras, em referência ao brutal assassinato de Marielle e Anderson. O crime segue sem justiça completa, mas o legado de Marielle inspira ações concretas para transformar a realidade.

“Marielle foi assassinada porque sua voz incomodava, porque sua luta transformava. Hoje, sete anos depois, a justiça ainda não foi feita. Mas seguimos lutando para que a política seja um espaço seguro para todas as pessoas que ousam ocupar o poder”, concluiu Camila Valadão.

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