Mosca Branca: entenda os principais tipos e como controlar

A mosca branca tem se tornado um desafio crescente para os produtores rurais brasileiros. Esse pequeno inseto afeta diversas culturas e impacta significativamente a produtividade. 

A Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil) relatou que a safra 2023/2024 foi particularmente desafiadora, com o excesso de umidade favorecendo o surgimento de doenças como a ferrugem asiática e pragas como a mosca branca. 

Esse cenário ressalta a importância de compreender e gerenciar eficazmente a praga para proteger as lavouras e garantir a sustentabilidade da produção agrícola.

O que é a mosca branca?

A mosca branca, pertencente à família Aleyrodidae, é um inseto pequeno, mas de grande impacto na agricultura. Apesar do nome, não é uma mosca verdadeira, mas sim um tipo de hemíptero. 

Esses insetos se alimentam sugando a seiva das plantas, o que os torna particularmente prejudiciais para uma ampla variedade de culturas. 

Seu modo de alimentação não apenas enfraquece as plantas, mas também pode transmitir vírus e outros patógenos, multiplicando seu potencial destrutivo.

Ciclo de vida

O ciclo de vida da mosca branca é composto por quatro estágios distintos: ovo, ninfa, pupa e adulto. Os ovos são depositados na parte inferior das folhas, onde eclodem em pequenas ninfas. 

Essas ninfas passam por vários estágios de desenvolvimento, fixando-se na planta e alimentando-se continuamente. O estágio de pupa é relativamente curto, após o qual emergem os adultos alados. 

O ciclo rápido de reprodução permite que as populações cresçam exponencialmente em condições favoráveis, o que explica sua capacidade de causar infestações súbitas e severas nas lavouras.

Danos às lavouras

Os danos causados pela mosca branca são múltiplos e podem ser devastadores para as culturas:

Enfraquecimento da planta: A sucção contínua da seiva pelas moscas brancas priva a planta de nutrientes essenciais, levando ao seu enfraquecimento geral.

Transmissão de vírus: As moscas brancas são vetores eficientes de diversos vírus de plantas, podendo transmitir doenças que comprometem severamente a saúde e a produtividade das culturas.

Produção de fumagina: As moscas brancas excretam uma substância açucarada que favorece o crescimento de um fungo negro conhecido como fumagina. Este fungo cobre as folhas, reduzindo a capacidade fotossintética da planta e afetando a qualidade dos frutos.

Tipos de mosca branca mais comuns nas lavouras

Foto: Adobe Stock

No Brasil, a espécie de mosca branca mais preocupante é a Bemisia tabaci, especialmente o biótipo B, também conhecido como B. argentifolii. Essa espécie é notória por sua alta capacidade de reprodução e adaptação a diferentes culturas e condições climáticas. 

A Bemisia tabaci afeta uma ampla gama de culturas, incluindo soja, algodão, feijão e tomate, entre outras.

Além do biótipo B, existem outros biótipos da Bemisia tabaci, como o biótipo Q, que tem ganhado atenção devido à sua resistência a certos inseticidas. 

Outra espécie relevante é a Trialeurodes vaporariorum, conhecida como mosca branca das estufas, que, embora menos prevalente em culturas de campo aberto, pode ser um problema significativo em ambientes protegidos.

A Bemisia tabaci se destaca pela sua extraordinária capacidade de adaptação e reprodução. Em condições ideais, como as observadas durante o El Niño na safra 2023/2024, esta espécie pode completar seu ciclo de vida em apenas duas semanas, levando a um crescimento populacional explosivo. Sua preferência por culturas como soja, algodão e feijão a torna uma ameaça constante para os principais produtos agrícolas do Brasil.

Como identificar os diferentes tipos de mosca branca

A identificação precisa dos diferentes tipos de mosca branca é crucial para um manejo eficaz. Embora a distinção entre espécies possa ser desafiadora sem análise microscópica, existem algumas características observáveis que podem ajudar na identificação em campo:

Bemisia tabaci (biótipo B): Adultos pequenos (cerca de 1 mm), com asas brancas em formato de telhado quando em repouso. As ninfas são achatadas e translúcidas.

Trialeurodes vaporariorum: Ligeiramente maior que a B. tabaci, com asas mais largas e posicionadas mais horizontalmente quando em repouso.

Além das características físicas, os padrões de danos nas plantas podem fornecer pistas sobre a espécie presente. Por exemplo, a Bemisia tabaci é conhecida por causar o prateamento das folhas em algumas culturas, um sintoma característico de sua alimentação.

Sinais de infestação por mosca branca

Os produtores devem estar atentos aos seguintes sinais de infestação por mosca branca:

  • Presença de adultos e ninfas na parte inferior das folhas, especialmente nas folhas mais jovens;
  • Folhas amareladas ou com manchas cloróticas, resultado da alimentação dos insetos;
  • Presença de fumagina nas folhas e frutos, dando-lhes uma aparência enegrecida;
  • Redução no vigor da planta, com crescimento atrofiado e produção reduzida;
  • Sintomas de viroses transmitidas pela mosca branca, como mosaico, enrolamento de folhas ou deformações nos frutos.

Manejo integrado da mosca branca

Foto: Adobe Stock

O Manejo Integrado de Pragas (MIP) é a abordagem mais eficaz para o controle da mosca branca. 

Este método combina diferentes estratégias de controle, visando reduzir as populações da praga a níveis aceitáveis, minimizando os danos econômicos e o impacto ambiental. 

O MIP para mosca branca inclui medidas preventivas, monitoramento constante e intervenções quando necessário, utilizando uma combinação de métodos culturais, biológicos e químicos.

Controle cultural

As práticas culturais são a primeira linha de defesa contra a mosca branca e incluem:

Rotação de culturas: Alternar culturas não hospedeiras da mosca branca pode quebrar o ciclo reprodutivo da praga.

Eliminação de plantas daninhas: Muitas ervas daninhas servem como hospedeiras alternativas para a mosca branca.

Uso de mudas sadias: Iniciar o cultivo com mudas livres de pragas é essencial para prevenir infestações precoces.

Adubação equilibrada: Plantas bem nutridas são mais resistentes ao ataque de pragas.

Manejo da irrigação: Evitar o excesso de umidade, que favorece o desenvolvimento da mosca branca.

Controle biológico

O controle biológico utiliza inimigos naturais da mosca branca para manter suas populações sob controle. Alguns dos principais agentes de controle biológico incluem:

Predadores: Joaninhas e crisopídeos são vorazes consumidores de moscas brancas em todos os estágios de vida.

Parasitoides: Pequenas vespas que depositam seus ovos nas ninfas de mosca branca, controlando sua população.

Fungos entomopatogênicos: Certos fungos podem infectar e matar as moscas brancas, sendo especialmente eficazes em condições de alta umidade.

Para favorecer a presença desses agentes na lavoura, é importante manter áreas de refúgio e evitar o uso indiscriminado de inseticidas de amplo espectro.

Controle químico

O controle químico deve ser considerado como última opção, quando os métodos preventivos e biológicos não são suficientes para conter a infestação. Ao optar pelo controle químico, é crucial:

  • Escolher inseticidas específicos para mosca branca, preferencialmente seletivos para preservar os inimigos naturais.
  • Alternar produtos com diferentes modos de ação para prevenir o desenvolvimento de resistência.
  • Seguir rigorosamente as recomendações de aplicação, respeitando dosagens e períodos de carência.
  • Realizar aplicações direcionadas à parte inferior das folhas, onde as moscas brancas se concentram.

Por fim, o monitoramento contínuo é a chave para o sucesso no manejo da mosca branca, sendo fundamental para a detecção precoce de infestações e a implementação oportuna de medidas de controle. 

Este processo envolve inspeções visuais regulares, com atenção especial à parte inferior das folhas, onde as moscas brancas costumam se concentrar. 

O uso de armadilhas adesivas amarelas é uma ferramenta valiosa para monitorar a população de adultos, fornecendo indicadores importantes sobre a intensidade da infestação. 

Além disso, é crucial acompanhar as condições climáticas, pois estas podem favorecer o desenvolvimento da praga.

*Conteúdo gerado com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação Agro Estadão

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