Planejamento para evitar desastres com chuvas no ES

As recentes chuvas no Espírito Santo revelaram falhas na infraestrutura urbana e na gestão pública do Estado, gerando alagamentos, deslizamentos e transbordamentos. A falta de investimentos em drenagem, o crescimento desordenado das cidades e a pouca eficácia nos sistemas de alerta precoce são fatores que agravam os danos causados pelas intempéries, afetando principalmente as populações mais vulneráveis.

A presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (Cau-ES), Priscila Ceolin, apontou a necessidade de medidas estruturais para mitigar os impactos das chuvas, como a realocação de moradores de áreas de risco. 

“A cada ano, as chuvas causam destruição em construções localizadas em áreas de encosta e margens ciliares de rios. Essas áreas já são mapeadas e a realocação das famílias deve ser uma prioridade”, afirmou Ceolin. A urbanista também destacou o problema da impermeabilização excessiva no centro urbano, que dificulta o escoamento das águas. Ela sugeriu a substituição do asfalto por materiais mais permeáveis e a promoção de transportes públicos sustentáveis.

A manutenção constante do sistema de drenagem também foi enfatizada por Ceolin, que afirmou ser crucial a limpeza frequente das redes para evitar obstruções e garantir seu bom funcionamento. Ela sugeriu ainda a criação de praças com maior cobertura vegetal e áreas públicas com baixa impermeabilização para aumentar a absorção das águas pluviais.

Em relação aos sistemas de alerta precoce, Ceolin ressaltou sua importância durante a crise recente, mas observou que esses sistemas têm limitações. “Embora o alerta seja fundamental, ele não é suficiente por si só. É necessário também um planejamento urbano que minimize os riscos e ofereça alternativas seguras à população”, comentou.

Planejamento urbano

Filipe Machado, engenheiro ambiental e consultor, reforçou a necessidade de um planejamento urbano mais eficiente para evitar desastres naturais. Segundo ele, é fundamental realizar obras de macrodrenagem, como o desassoreamento de rios e córregos, para garantir a capacidade de vazão das águas e prevenir alagamentos. Além disso, ele destacou que a ocupação desordenada de áreas de risco deve ser combatida com políticas públicas mais rigorosas sobre o uso do solo.

Ele também ressaltou a importância de um engajamento comunitário contínuo. A população deve ser envolvida nas ações preventivas, como o descarte correto de resíduos e a manutenção dos sistemas de drenagem. Além disso, os investimentos em infraestrutura devem ser contínuos e priorizados, mesmo que não tragam retorno político imediato. “As obras de drenagem e manutenção de rios não são visíveis no curto prazo, mas são essenciais para garantir a segurança da população a longo prazo”, afirma o engenheiro.

Machado também enfatizou o papel da educação ambiental na prevenção de desastres e a importância da atualização constante dos planos de contingência. O Sistema Estadual de Monitoramento e Alerta de Desastres (Alerta!ES) tem sido útil, mas o engenheiro ressalta a necessidade de engajamento contínuo da população e de uma qualificação adequada das equipes técnicas municipais para gerenciar eficazmente as situações de risco.

“A conscientização da população sobre esses problemas e a participação ativa em ações de preservação e manutenção das infraestruturas pode contribuir para uma cidade mais resiliente”, afirma.

Soluções para reduzir os impactos das chuvas no Espírito Santo:

Realocação de moradores em áreas de risco: “A cada ano, as chuvas causam destruição em construções localizadas em áreas de encosta e margens ciliares de rios”, afirma Priscila Ceolin. “Essas áreas já estão mapeadas e a realocação das famílias deve ser uma prioridade”, enfatiza.

Aumento da permeabilidade urbana: “A exigência de apenas 10% de área permeável é insuficiente para o volume de chuvas que enfrentamos”, aponta Ceolin. “Precisamos substituir asfalto por materiais permeáveis, como paralelepípedos”, sugere a arquiteta, destacando a importância de soluções sustentáveis. “A arborização nos centros urbanos é essencial para aumentar a absorção das águas pluviais”, afirma ela, ao falar sobre a importância das praças com maior cobertura vegetal.

Ampliação da infraestrutura de drenagem: “A manutenção constante das redes de drenagem é essencial para evitar obstruções e garantir seu funcionamento adequado”, alerta Priscila Ceolin. “Investir em drenagem de grande porte e no desassoreamento dos rios é fundamental para prevenir alagamentos”, destaca o engenheiro Filipe Machado. 

Educação ambiental: “A conscientização da população sobre o descarte adequado de resíduos e a ocupação irregular de áreas de risco são essenciais para diminuir os riscos”, afirma Filipe Machado. “O envolvimento da população em ações de preservação e manutenção das infraestruturas pode contribuir para uma cidade mais resiliente”, ressalta.

Planejamento urbano restritivo: “As grandes cidades precisam ter um planejamento que leve em consideração as vulnerabilidades naturais, não apenas o crescimento urbano”, alerta Filipe Machado. “É necessário um planejamento urbano que minimize os riscos e ofereça alternativas seguras à população”, reforça Ceolin.

Sistema de alerta precoce: “O sistema de alerta precoce tem funcionado bem, permitindo que as pessoas tomem medidas cautelares nas próximas horas”, observa Ceolin. “Embora os sistemas de alerta sejam ferramentas importantes, não são suficientes por si só. É preciso um planejamento urbano que garanta alternativas seguras para a população”, aponta a arquiteta, destacando a importância de ações complementares.

Engajamento comunitário contínuo: “A população deve ser envolvida nas ações preventivas, como o descarte correto de resíduos e a manutenção dos sistemas de drenagem”, afirma Machado. “A participação ativa da comunidade é fundamental para a construção de uma cidade mais segura e resiliente”, completa Machado.

Qualificação das equipes técnicas: “As equipes de gestão urbana e defesa civil precisam ter o conhecimento técnico necessário para lidar com questões de risco de forma proativa”, ressalta Filipe Machado.

Investimentos em macrodrenagem: “Sem obras de macrodrenagem, como o desassoreamento regular de rios e córregos, o risco de transbordamentos continuará alto”, afirma Filipe Machado. “Investir em drenagem de grande porte e garantir a capacidade de vazão das águas são medidas essenciais para prevenir alagamentos”, acrescenta Machado.

Fonte: Especialistas consultados

Adicionar aos favoritos o Link permanente.