La Niña retorna e desafia a produção agropecuária

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O La Niña está de volta. A atuação do fenômeno climático foi confirmada pela Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (NOAA) em boletim divulgado nesta semana. O fenômeno ocorre quando as águas do Pacífico ficam mais frias do que o normal. Isso acontece por causa de ventos fortes que empurram as águas quentes para o oeste, fazendo com que as águas mais frias subam para a superfície. 

Conforme os mapas do NOAA, o atual evento climático está em seus estágios iniciais e não deverá ser prolongado. Diferente do fenômeno de 2020 a 2023, que foi prolongado, este deve ser breve e de intensidade fraca. A previsão indica chance de 59% do La Niña persistir entre fevereiro e abril deste ano, com transição para a neutralidade entre março e maio (60% de chance).

Impactos do La Niña nas regiões produtoras 

O La Niña pode trazer mais chuva para algumas regiões e deixar outras mais secas. No Brasil, a tendência é de aumento das precipitações no Norte e Nordeste, tempo seco com chuvas irregulares no Centro-Sul e clima mais seco no Sul do país. 

Conforme a meteorologista da Tempo OK, Ana Penna, a atmosfera já apresenta um comportamento semelhante ao padrão de La Niña, com corredores de umidade com chuvas frequentes e volumosas na metade norte do Brasil. “Isso contribuiu para um aumento de umidade no solo nas áreas produtoras do MATOPIBA [Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia], durante os últimos dias”, afirma Penna. 

Por outro lado, foi observada uma redução na quantidade de chuva na metade sul do país, que causou uma diminuição na disponibilidade hídrica do solo, especialmente no Rio Grande do Sul, deixando os produtores em alerta. 

Apesar da expectativa de um La Niña menos intenso este ano, Ana ressalta que o fenômeno não atua sozinho e sim, associado também à oscilação Madden-Julian. Essa variação influencia os padrões de chuvas e, atualmente, encontra-se entre as fases 1 e 8, favoráveis à chuva nas regiões Norte e Nordeste.

Além disso, mesmo com a perspectiva de início de um período de neutralidade a partir de março, Penna alerta que é possível sentir os efeitos do La Niña no início do mês, coincidindo com o início da colheita da safra no MATOPIBA. “Podem ocorrer períodos de tempo mais encoberto e com chuva persistente, dificultando as atividades de campo. Contudo, esses períodos não serão duradouros e devem ocorrer alternados por condições de tempo mais firme com temperaturas elevadas”, destaca. 

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