Vitória e Serra tiveram cenários semelhantes de abstenção no primeiro turno. Na Capital, 25,17% (67.084) deixaram de votar, enquanto no maior colégio eleitoral do Estado, 27,13% (98.334). Em termos gerais, significou que um de quatro eleitores de cada município não compareceu às urnas.
E, no segundo turno, o panorama ficou ainda pior na Serra, com o patamar de 33,17% (120.257) dos aptos ao sufrágio distantes das escolhas para o novo prefeito da cidade. De cada três eleitores serranos, um preferiu se ausentar do plebiscito. E onde estiveram as maiores abstenções?
De modo inédito, ES Hoje em Dados apresenta, por bairros, o tamanho desse fenômeno em Vitória e na Serra, municípios que, aos seus modos, tiveram as disputas mais parelhas da Grande Vitória, ainda que a Capital tenha conferido o fim da batalha no primeiro turno.
A evolução da abstenção na Serra
O município serrano já finalizou o primeiro turno com uma abstenção geral de 27,13% do eleitorado, se aproximando de 100 mil eleitores, e os recados dos bairros mostravam certo desânimo ou apatia para ter de escolher alguém.

Eleitores da região de Jacaraípe expuseram fortemente sua opção de não participar do sufrágio, havendo liderança expressiva de Jardim Atlântico, que viu 41,14% daqueles que votam na área não irem para as urnas. Bairro das Laranjeiras, logo ao lado, também seguiu com essa tônica, com 36,5%.
Do universo de bairros eleitorais da Serra, composto por 75 áreas, em 48 a ausência foi de acima de 25% dos cidadãos – somente no primeiro turno, diga-se de passagem. O maior colégio da cidade, que é Jacaraípe, teve 31,14% de faltosos, ou 7.830 pessoas, e o segundo, Feu Rosa, somou 5.752 distantes do processo, o que representa 26,57% dos aptos desse território.
Mas isso não quer dizer que o cenário melhora, já que em 22 bairros essa abstenção ficou entre 24,94% a 20,41%; quatro tiveram essa renúncia ao voto na ordem de 19,79% a 17,3%; e os presídios foram os locais com maior comparecimento para o dever democrático, com apenas 11,83% deixando de votar.
O segundo turno teve um panorama de desinteresse ou talvez de cansaço de todo esse processo eleitoral que se agravou.
Mais uma vez, Jardim Atlântico liderou a quantidade de abstenção, se aproximando de metade do eleitorado do bairro: de 5.875, 2.895 faltaram, o que representa 49,28% do todo. Logo ao seu lado, Bairro das Laranjeiras novamente se destacou nesse quesito, com 44,06% de ausentes. É necessário que tanto o novo gestor eleito, Weverson Meireles (PDT), quanto os políticos da região investiguem os possíveis motivos que levaram a esse tamanho desinteresse local.
Outro ponto a ser checado é o de que a abstenção foi maior ou igual a 33% em 34 colégios eleitorais da cidade; em 38, a ausência variou de 32,38% a 25,05%; e somente três tiveram patamares abaixo de 25%, com os presídios, novamente, registrando a menor falta, que foi da ordem de 13,98%.
Em termos políticos, é inegável que o atual prefeito serrano, Sergio Vidigal (PDT), foi o maior vencedor, já que encaminhou seu pupilo para comandar a maior cidade do Espírito Santo. Mas também é possível dizer que todos os concorrentes saem como perdedores quando deixam de convencer 120 mil a votarem. E isso pode ser um problema tanto para a situação quanto para a oposição.
A pergunta que fica é: o que fazer para motivar essa massa a participar de novo do pleito?
E Vitória?
O pleito de Vitória, dominado pelo reeleito Lorenzo Pazolini (Republicanos), indicou que os maiores cenários de abstenção vieram dos bairros nobres.
Interessante notar que as maiores abstenções estiveram incluídas no universo de bairros nobres, como Praia de Santa Helena, e também em áreas da Grande Goiabeiras. Há de observar que dos em 19 dos 48 colégios eleitorais da Capital a abstenção foi superior a de 25% dos aptos ao voto.
Outro ponto que também é necessário ser verificado: a menor ausência nas urnas foi no Morro do Quadro, de 20,42%. Em poucas palavras, isso quer dizer que de cinco eleitores dessa área, um já poderia ser descartado, por não querer votar, seja lá qual seja o motivo.
Além do desânimo e da opção de “voto facultativo”, os exemplos de Serra e de Vitória demonstram que também está cada vez mais difícil obter a preferência do eleitor. Com “menor oferta”, é preciso procurar maneiras de engajar o cidadão a comparecer a sua seção eleitoral. Fica o desafio para mudar esse desenho em 2026, o que não é nada fácil.